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sexta-feira, julho 22
Envelhecer é bom
Tenho 47.
Ainda não assimilei a idade que tenho! Às vezes eu paro e penso um pouco para lembrar a idade que tenho! Mas não tenho dificuldade para lembrar que é 47. ainda mais que só esqueço a idade que tenho e não o ano em que nasci. Tenho dificuldade para lembrar números, então lembro que nasci no ano do golpe militar brasileiro. A resposta vem na hora, nasci em 1964, o resto é só fazer cálculo e redescobrir a idade com facilidade.
E falando em idade, entendo totalmente aquela história – ou estória? – que a vida começa aos quarenta.
Minha infância foi muito boa. A adolescência foi bala – se falava “bala” para dizer que era bom quando eu era adolescente -. Foi bom os vinte, os trinta. Mas sem dúvida eu adorei a chegada dos quarenta. Não sei se será tão bom os cinqüenta, os sessenta e por ai vai até que para de ir e tudo acaba. Realmente adorei entrar nos quarenta. Me vi mais homem! Homem no sentido real da palavra. Cheguei nos quarenta e tinha uma visão melhor da vida.
Vi que entendia mais as coisas. Sabia ser mais tolerante como não era há pouco tempo antes. Sabia amar melhor – na forma espiritual e física -. Sabia entender melhor tudo o que antes achava que já sabia. Sabia rir mais e melhor – antes ria muito, mas sem saber muito bem o porque eu ria -. Aprendi a ler melhor. Ver melhor – não com os olhos físicos, mas com os olhos da razão e da alma -. Comecei a viver melhor. Acho que comecei a ser melhor!
Sim a barriga cresceu, a barba ficou branca – os cabelos ainda são rebeldes e teimam em serem pretos -, a agilidade diminuiu, mas também é por causa do sedentarismo que não tinha antes dos vinte e poucos e por aí vai. Mas computando tudo acho que os quarenta, “si pá” como fala a gurizada é bem melhor que os trinta, os vinte...
Meu filho tem 21 e eu “freqüento” a turma dele naturalmente como se 21 eu os tivesse. Os amigos dele me tratam e fazem festas comigo como se a idade deles eu a tivesse. Isso é ótimo! Isso faz os meus quarenta ficarem bem novinhos.
Ficar velho é questão de espírito, ou falta dele!
Tenho um amigo que quando é questionado a sua idade ele fala 33, 34 ou algo parecido, e apesar de ao olhar para ele ser possível acreditar, a forma encabulada com que ele fala, afirma que é muito mais.
Outro dia, estando eu no meu bar habitual, chegou um amigo de adolescência e sentou para tomar uma comigo.
Durante o tempo em que bebíamos e conversávamos foi chegando conhecidos mais novos e inclusive alguns da idade de meu filho. Por umas duas ou mais vezes eu apresentei o recém chegado dizendo: Este/a é fulano/a, filho/a do Sicrano/a.
Pouco depois meu amigo disse que iria embora, estava ficando deprimido. Perguntei porque e ele disse que estava constrangido, pois em nossa mesa sentava os filhos de nossos amigos e isso o estava fazendo se sentir muito velho.
Até brinquei que era bem melhor estar sentado com os filhos de nossos amigos que estar eternamente deitado com os pés juntos! Ele não entendeu como brincadeira e nem entendeu a brincadeira como sendo verdade. Foi embora.
Eu fiquei e continuo ficando!
Tenho meus amigos de quarenta, cinqüenta, sessenta e setenta e não vou deixar de ter os de trinta, vinte e até menos.
Considero-me um bom observador! E uma coisa que vejo no dia a dia é que tem gente que tem a idade que tem! Outros – assim como eu, modéstia à parte – parecem ter a jovialidade que sua Certidão de Nascimento afirma ser mentira, assim como conheço muitos jovens que tem muitos anos mais do que já viveram.
Ora! Envelhecer é bom!
É isso ou a morte prematura.
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2 comentários:
Maravilhoso isso! Realmente muito verdadeiro, muito bonito, muito honesto. Te conheço e te admiro por tu ser exatamente assim, este ser maravilhoso e jovem! És alegre, feliz, vivo! E isso é que te faz especial. E por isso quero sempre sentar em tua mesa e ter nossas longas conersas. Você é o cara mais maravilhoso, simático, gentil e sem preconceitos que eu conheço. Te amo, e amei esta postagem.
Beijos aos montes!
Stanis, comigo é igual...sempre tive amizades de todas as idades. Acho que qdo a gente se entende, se curte e não se leva tanto a sério, acaba deixando esta porta que abre pra todos os lados, sem medo de 'parecer' alguma coisa: ou velho, ou ultrapassado, ou seja lá o que for. O nosso tempo é o hoje. Amei o texto! Beijão!!!
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