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quarta-feira, julho 27
CONVERSA DE AMIGOS
Joel sentou-se e pediu uma cerveja. Iria tomar só uma e voltar para casa e dormir, amanhã era dia de acordar cedo. Nenhum conhecido no bar. Ficou olhando as pessoas que voltavam pelo calçadão.
_ Joel meu velho... – ouviu – tu por aqui?
_ Edgar? – reconheceu – há quanto tempo cara! - Se abraçaram provando que era há muito tempo mesmo. – senta aí! Vamos tomar uma!
Pediram mais um copo e falaram bobagens como falam amigos que a muito se conhecem. O papo se alongou e veio mais cerveja.
Falaram de futebol, de reminiscências, de política e tudo o mais.
_ Mas e o trabalho? Como ta?
_ Beleza cara! Se melhorar estraga.
_ Ótimo! Eu também não tenho do que me queixar! – falaram sobre mais coisas pueris e veio mais cerveja.
Sempre que alguma mulher bonita entrava, os olhos deles eram roubados para elas e lá vinham piadinhas, até que:
_ E Marta? Como esta a nossa Marta? – perguntou Joel casualmente.
_ Sei lá! Deve estar bem! Nos separamos a uns seis meses. Agora eu quero mais é curtir a vida.
_ Poxa!... Sinto muito cara!
_ Sinta nada cara! A melhor coisa da vida foi à separação. Eu até tinha inveja do amigo!
_ Ora que é isso? Vocês sempre se amaram! A Marta é uma mulher legal e ...
_ É... Vá viver o dia todo com ela pra ver! – acendeu um cigarro – mulher é um porre! – levantou o copo para um brinde.
_ A saúde!
_ Que saúde o que? As mulheres! A pior e melhor coisa do mundo! – deram gargalhadas e tomaram mais uma gelada.
Joel esqueceu que iria voltar cedo pra casa e tomaram mais uma, mais uma, mais uma e mais uma.
_ Joel, tu sabes que sou teu amigo né cara?
_ Ué! Lógico!
_ Eu queria fazer uma pergunta meio... – e sustentou um silêncio que queria dizer: não devo falar, mas quero falar!
_ Fala cara! Sem frescuras!
_ Bom! A Sara? Tu ainda sente algo pela Sara ou é coisa do passado? – Joel mexeu-se na cadeira um pouco incomodado.
_ Posso? – pegou um cigarro de Edgar – O que tu falou mesmo?
_ A Sara?...
_ Ah! Que Sara o que cara? É como a tua Marta, isso é coisa do passado. Tu achas que eu vou ficar pensando em mulher que me separei a mais de um ano? – encheu os dois copos – Mas porque a pergunta?
_ Nada! Curiosidade de amigo. – ergueu o copo – Mais um brinde – soluçou – A amizade!
_ A amizade! – brindaram. Beberam longos goles e ficaram em silêncio. Depois de um longo hiato Joel perguntou:
_ Tu tem visto ela?
_ Quem?
_ A Sara?
_ A Sara? Ah! Não! – novos goles – e tu?
_ Graças a Deus não! Ferreira, trás mais uma aqui pra nós!
Veio mais uma garrafa. Serviram-se.
_ Faz uns quatro meses! – disse Edgar olhando pras unhas.
_ O que?
_ A Sara!
_ O que que tem a Sara? Fala Edgar?
_ Pois é! Faz uns quatro meses que não vejo a Sara!
_ Ah! – pausa – Então vocês se viam?
_ Não!
_ Ué?!
_ Eu a vi há uns quatro meses. Só isso!
_ Éééé?... Só?...
_ Sim! – Beberam a cerveja sem muito conversar.
_ Edgar, fala! – cortou o silêncio pesado que rondava a mesa.
_ Falar o que “Jô”?
_ O que tu ias falar! Do nada tu tiraste a Sara...
_ Bobagem...
_ Então fala!
_ O que?...
_ Essa bobagem!... – Seus olhos se cruzaram. Voltaram a se cruzar e desta vez fitaram-se.
_ Joel! Na verdade eu a encontrei logo depois que me separei.
_ É?
_ Isso! – bebeu um longo gole – Fui num botequim tomar umas e encontrei-a com umas amigas.
_ Hum... – Joel acendeu outro cigarro.
_ Sabe como é quando a gente se separa depois de anos de casado, né?
_ Não! Diga-me...
_ A gente fica feito peixe fora da água! Não conhece mais ninguém e nem sabe o que fazer...
_ Isso é!
_ Pois é! Aí a vi e fui conversar. Ela me apresentou “prum” monte de amigas e ficamos de trova. Dançamos e bebemos todas. A noite foi indo e as amigas foram indo embora e ficamos só nós dois. – apagou o cigarro de cabeça baixa.
Estabeleceu-se mais um longo silêncio na mesa dos dois.
_ Tá! Aí transaram? Foi isso? – perguntou em voz baixa Joel para ninguém ouvir.
_ Desculpa mano! Foi sim! – desviaram os olhares. Encheram os copos com o que restava na garrafa e Joel perguntou com o olhar no copo...
_ E vocês estão bem?
_ Que é isso mano? Eu sou teu amigo.
_ ...
_ Nunca mais nos vimos. Ela disse que mudou de celular e nem me deu o novo e disse que nunca me ligaria. Falou para eu a esquecer e que havia feito tudo como uma forma de revanche!
_ É!... Elas são assim mesmo!
_ Eu não entendi bem esse lance de revanche...
_ Sei lá! Ferreira, trás uma saideira! Joel pediu evitando os olhos de Edgar.
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