quarta-feira, dezembro 29

Distância


Difícil medir a dor do exilado
Pois perdeu o aconchego de sua querência
Não por falta de amor
Mas por um amor imensurado.

Doída é a dor do retirante
Pois deixou a sua terra de origem
Não por não querer morar nela
Mas por ter de viver de forme errante.

Grande é a dor do expatriado
Que sonha com seu povo, sua terra
E não podendo voltar a viver nela
Vive sempre como se fosse renegado.

Mas é maior a dor, a ânsia
D’um coração totalmente apaixonado
Estar separado, pela distância.

sexta-feira, dezembro 24

Minha Diva das letras


Escrevia bobagens
Ela disse que gostou!
Ordenou-me: escreve mais...
_Mas para que se são só bobagens?
_Escreve porque eu gostei!

Por ordem ou sei lá
Continuei a escrever
E não é que até gostei!..

Pode ser bobagens...
Mas alguém me lê
E ela sendo minha Diva
Não pede... manda!
E vou continuar.

Mesmo que ninguém goste,
Minha “minina” Bárbula
Não penso em desapontar!

quarta-feira, dezembro 22

Do fundo do baú

O meu amor chegou-me


O meu amor chegou-me
Não era nada combinado
Sim! Era muito sonhado
Mas era algo não permitido
Algo que não seria tocado.

O meu amor chegou-me
De longe eu sempre olhava
Corria e nunca seria buscado
Mas sua passagem maravilhava
Como um sonho nunca sonhado.

O meu amor chegou-me
Até o dia de ser roubado
E d’eu afirmar que a desejava
E por ela queria ser desejado
Como se fosse planejado.

O meu amor chegou-me
Planejado, sonhado, tocado;
O meu amor chegou-me!

terça-feira, dezembro 21

Eis a saudade


Eis as mesmas noites de calor
Com seus bares lotados de copos e pessoas
Eis os dias tórridos e cansativos
Com suas horas de trabalho engessadas
Eis as transmissões de rádio
Com suas tristes notícias e alegres músicas
Eis a correria do cotidiano
Atropelada pelas compras natalinas
Eis os canteiros do parque
Com cães e seus dedicados donos
Eis o movimento do tráfego
Eis os vendedores ambulantes
Eis os policiais vigilantes
Eis os vadios a vagar pelas ruas...

E somente eu destoando
Desta eterna e cotidiana normalidade!
Pois eis que me habita uma imensa saudade.

terça-feira, dezembro 14

Teus olhos de mel


Me seduz o marrom da cerveja
Que vejo gelada na tulipa
Me seduz o rosa da rosa
Que nas pétalas habita.

Me seduz o laranja da laranja
Liquefeito em um suco
Me seduz o moreno do cabelo
D’um lendário súcubo.

Me seduz o argênteo da nuvem
Num fim de tarde com chuva
Enrubescendo o azul do céu.

Mas nenhuma cor me seduz
E me cabe assim como uma luva
Como a cor de teus olhos de mel.

segunda-feira, dezembro 13

RE-POSTAGEM 8 ou sem tempo e/ou preguiça e/ou inspiração


Cincinato ainda bem jovem aprendeu o ofício de eletricista residencial com seu pai. Não acumulou o suficiente nestes vinte e cinco anos para poder dizer que tem uma vida tranqüila, mas também não se queixa, ainda mais que todo final de ano ele deixa de lado fios, tomadas e chaves testes para fazer o que mais gosta: ser Papai-Noel.
A primeira vez que ele pôs a fantasia vermelha, foi apenas para dar uma incrementada no orçamento para o final de ano, e decidiu encarar a empreitada após uma menina perguntar a mãe em uma fila de supermercado, se ele era o “bom velhinho”. Cincinato olhou para um espelho e viu que sua espessa barba e cabeleira branca lembravam Papai-Noel. Ele herdara do pai, além da profissão as precoces cãs.
A princípio era apenas mais um bico, mas com o tempo ele apaixonou-se pelo trabalho, não que desse muito dinheiro, mas era a satisfação que ele ganhava que valiam a pena. Cleide, sua ex-esposa não lhe deu um filho. Ser Papai-Noel era uma forma de suprir seu amor e carência pelo filho que não tinha. Ele sabia que não era a mesma coisa que ter um filho, leva-lo a pracinha ou ao estádio de futebol, mas se contentava com suas crianças. Sim! Ele considerava todas aquelas crianças suas, pelo menos enquanto estava com a fantasia vermelha.
À parte que Cincinato mais gostava era quando podia colocar uma criança sobre seus joelhos e ouvir as palavras amorosas que elas diziam em meio ao pedido de seus presentes, aquilo sim valia a pena em vez de ficar empoleirado em uma escada trocando fios queimados.
Deu onze da noite. Cincinato entrou no bar do Denis e sentou-se em sua mesa habitual. Denis ao vê-lo abriu uma cerveja e foi levar-lhe. Ele sabia que o “bom velhinho” – como ele costumava chamar o amigo – sempre passava ali para uma cerveja e um bom papo antes de voltar para casa.
_ Um presente bem gelado prô “bom velhinho”! – brincou o proprietário do bar.
O canto direto do lábio de Cincinato – que estava quase que completamente escondido pelo bigode branco – moveu-se como que querendo expressar um sorriso. Serviu-se de um longo gole e ficou ali quieto com o olhar perdido.
Denis continuou seu trabalho, mas não sem perceber que alguma coisa estava errado com seu amigo. Às vezes Cincinato não estava lá para muitas brincadeiras, mas em geral, quando chegava a época dele encarnar Papai-Noel ele ficava bastante alegre. Chamou a esposa que acabara de fritar uns pastéis para ela assumir seu lugar no balcão e foi ter com o amigo.
_ Posso sentar e tomar uma contigo? – Cincinato lançou-lhe um olhar triste e moveu os ombros em sinal de “tanto faz!”. Denis sentou e tomou também um longo gole.
_ O que foi meu amigo? O que está lhe incomodando para estar triste dessa maneira?
_ Ah Denis meu velho... Esse trabalho me deixa muito feliz, tu sabes bem isso!
_ Sim! Claro! É por isso...
_ Sabe cara, o que me deixa mais feliz nesse trabalho? É conversar com os “pimpolhos” e escutar os seus pedidos...
_ É sei...
_ Às vezes, é bem verdade, me parte o coração quando uma criança pede algo que percebo que seus pais não serão capazes de comprar para elas, porque quando elas pedem para o Papai-Noel elas realmente acreditam que eu sou o velhinho e, que eu irei na noite de natal em suas casas para deixar lá os seus presentes... – tomou mais um gole - Aí fico pensando, o que se passa na cabecinha delas, quando pedem um autorama e encontram embaixo do pinheirinho um carrinho de plástico bem vagabundo...
_ Que isso cara! Você não é o Papai-Noel! Isso é apenas um emprego!
_ Sei...
_ E todos os anos isso acontece e sempre irá acontecer, portanto tu não podes ficar assim homem...
_ Sabe o que é Denis... – tomou mais um gole para poder continuar - É que hoje uma menininha me pediu algo que me cortou o coração...
_ Que foi? Pediu um brinquedo muito caro?
Os olhos de Cincinato encheram-se de lágrimas que começaram a escorrer pelas bochechas e pela barba.
_ Não amigo! Ela pediu para eu falar para o pai dela, que ela deseja que ele pare de visitá-la em seu quarto à noite quando sua mãe sai para trabalhar.
Denis ficou acompanhando o amigo na cerveja e num choro mudo sem saber o que dizer.

Postado por Stanis Fialho às Sexta-feira, Novembro 20, 2009

sexta-feira, dezembro 3




O anjo de Hiroshi


Ele sabia que era diferente! Olhava os seus pares e achava-se estranho, por certo seus pares o achava estranho também. Todos tinham aqueles membros emplumados, só ele não.
Nas brincadeiras todos levavam vantagens: ganhavam os ares, só ele não.
Cresceu triste. Procurou a razão de sua diferença com os seus. Ninguém soube dizer. Sonhou em ser como aquelas pequenas pessoinhas que viviam lá embaixo, que chegavam para seus pais e perguntavam: Papai porque sou assim? Mas não tinha essa chance. Ele não tinha pai ou mãe – quer dizer, tinha Um, mas não era a mesma coisa - . Pois ele era apenas um anjo.
Um dia o chamado chegou! É chegada a hora de você fazer a sua parte! – lhe disseram -. Foi jogado do céu como se asas tivesse. Viu lá embaixo um pequeno planeta azul com o qual se chocaria. Adormeceu!...
Acordou em uma sala branca com um monte de pessoas de roupas brancas. De dentro de uma mulher não muito branca saiu um ser que ele logo entendeu que seria a quem ele sempre deveria cuidar. Não sabia porque, mas sabia que devia.
Dali em diante ele só ficou ao lado daquele pequeno ser. Sabia que devia cuidar dele, só não sabia porque não tinha asas como os seus irmãos.
O pequeno ser não lhe deu muito trabalho. Tudo o que ele precisava, seus pais davam. Tudo era dado ao pequeno Hiroshi.
Os dias que se seguiram foram chatos, ele apenas cuidava do pequeno Hiroshi que morava em Nagazaki, pra não se machucar nas brincadeiras de meninos.
Mas ele percebia uma tensão nos pais de Hiroshi. Eles não desgrudavam o ouvido do rádio da sala que falava em uma guerra que estava acontecendo e que muitos de seus estavam morrendo por causa dela.
No dia cinco de agosto de 1945 ele teimou em soprar no ouvido do pequeno Hiroshi, dizendo que o menino deveria visitar seu avô que morava em Kobe, há quilômetros de distancia dali . No outro dia, depois do menino muito teimar, os pais aceitaram, e mandaram o pequeno para ver o avô.
Da janela do vagão, Hiroshi viu passar aviões em direção a sua cidade. Não pode ler em um deles: “Enola Gay”, mas soube que não era coisa boa que eles traziam.
Olhando para trás, o menino viu um monstruoso cogumelo surgir no local onde era sua cidade. O cogumelo cresceu, o chão tremeu, um som bizarro fez-se ouvir e passou por cima de sua cabeça, se ele estivesse a uma dezena de metros acima seria tragado pela aura demoníaca que consumiu Nagazaki.
Nesse momento, aquele anjo aleijão entendeu porque não tinha asas!
Se as tivesse, voaria e seria tragado pela bomba junto com Hiroshi. Mas não! Por estar no chão – e não voando – salvou a vida do pequeno Hiroshi!
Entendeu que alguns são diferentes, para fazer o mundo ser diferente e, não precisava fazer algo maravilhoso como voar, mas apenas fazer o que lhe era possível. E isso fazia a diferença.

quinta-feira, dezembro 2

Não quero nem pensar em namorar sério, porque do jeito que eu estou rindo e namorando já está muito bom!