segunda-feira, abril 28

UM CAMUNDONGO


O táxi parou. Perguntei naquele dialeto arrastado e pastoso que só os taxistas que trabalham a noite ou porteiros de boites entendem, o quanto devia. Paguei. Se fui logrado? Vá saber?!
Não levei muito tempo a achar a chave certa. Abri a porta e acendi a luz.
Joguei as chaves que produziram um estridente som ao bater no tampo de metal da mesa de centro. Olhei para o pé do balcão da pia.
Correu de lá – o que eu já sabia – um camundongo. Meus olhos correram assim como o camundongo para a geladeira. O camundongo passou como uma flecha.
Ele agora iria passar da geladeira para baixo do fogão. Eu já sabia o trajeto havia dias – seriam semanas? Meses? -. Podia pular e com o pé acabar com o infeliz.
Passou. Agora - isso eu também já sabia, sairia do fogão e passaria em uma distância um tanto perigosa frente ao inimigo: Eu, e correria para o banheiro.
No banheiro, por mais que eu procura-se não o encontraria. Havia um local secreto que aquele ser habitava durante o tempo que eu não estava presente – ou não estava acordado -, que eu não conseguia achar.
Teve um dia que me esmerei em procura-lo, mas foi em vão. O danado tinha um local só dele. Desisti. O mais fácil é ir a uma agropecuária e comprar um veneno.
Há pessoas habilitadas para tudo. Talvez as coisas não sejam tão simples na vida como a gente pensa ser. Em vez de procurarmos um eletricista, nós mesmos fazemos, e por isso mesmo nem sempre fica da forma que queríamos. Em vez de um encanador nós mesmos metemos a mão na massa e depois ficamos com aquele cano sempre a pingar.
Procurei quem sabia. O cara com cara de profissional falou que aquele determinado produto era tiro e queda. O bichinho morreria na hora, mas tinha outro que tinha um efeito retardado. Tinha um cheiro sedutor ao meu “amiguinho” e que depois de ele ingerir aquela “maravilha”. iria dar uma necessidade enorme a ele de beber água. “Quando a água entrar em contato com o produto no interior do organismo dele, vai petrifica-lo!”. Ele morreria e o próprio produto ia ressecá-lo e não produziria nenhum odor. Mesmo que eu não achasse o pequeno cadáver, não teria nenhum incomodo, ao contrário do outro que eu enfrentaria o odor da putrefação. Era esse mesmo que eu queria. Comprei.
Essa compra foi há muito tempo atrás.
O produto, eu o guardei em uma gaveta em sua embalagem. Nunca fora aberta. Algo me impedia de abri-la.
Fazia quase dois anos que eu estava morando sozinho. Não tinha filhos e minha mulher havia ido embora sabe lá Deus para onde.
Foi assim:
No começo, foi uma maravilha. Nunca havia sentido uma liberdade tão grande. Nunca havia podido viver desta maneira, sair e voltar a hora que bem entendesse sem dar satisfações a ninguém – havia meu chefe é claro, mas isso para o relato não conta -. Estava me sentindo finalmente livre.
Passei os primeiros dias a tomar cerveja e indo as boites que meus amigos falavam e eu nunca havia ido.
Mas havia dias que voltava para casa tão logo terminasse o expediente. Fazia minha caipira, um jantarzinho, tomava um banho, um chimarrão e via TV e dormia esperando o dia de amanhã.
Com o tempo o vazio da casa começou a me encher. Ouvia barulhos que não haviam e ficava preocupado. Vezes que outras, vultos passavam por trás de mim enquanto lavava a louça. Sabia que era a solidão. Não eram fantasmas. Fantasmas são lembranças que esquecemos de esquecer.
Com o tempo meus afazeres ficaram entediantes e comecei a voltar para casa cada vez mais tarde.
Quando percebi, minha fruteira era um cemitério de frutas gestantes, um ventre fértil de seres nojentos e um mundo convidativo a insetos indesejados.
Fiz uma grande limpeza em um sábado. Pronto: Só porcaria chama porcaria!
Com um fogão inativo e uma geladeira com água e cerveja, adotei os bares como locais de minha alimentação. Quando o último amigo abandonava o bar lembrava que também tinha uma casa.
Foi numa dessas noites em que eu voltava para casa com mais umas duas ou mais garrafas em uma sacola plástica que eu o vi pela primeira vez. Era pequenino. Cinza. Até bonitinho era.
Ao abrir a porta ele correu e fez o trajeto que nós já sabemos. Era metódico o bichinho.
Enquanto eu ficava na rua ele reinava naquela casa vazia.
No começo não dei muita importância a ele. Ia trabalhar e nem lembrava de sua existência, mas com o tempo e com tantas vezes vendo ele fazer o mesmo trajeto, resolvi: Tenho de me livrar deste ser abjeto, e como já falei, comprei o veneno...
Pela manhã não colocava o veneno – nos cantinhos como falou o cara que vendeu-me -, nem lembrava sequer dele ou do veneno. À noite ao ver ele correr, ficava com pena do bichinho. Ele era como eu! Quando eu ia ao trabalho ele fazia o seu mundo. Quando voltava, altas horas, ele se recolhia e deixava eu reinar sobre aquele silencioso mundo.
Assim ficamos por muito tempo. Ele rei de dia eu rei à noite. Se ele se aventurava enquanto eu dormia? ...Eu não sei, mas acho que não! Ele era o meu único amigo fiel.
Sim! Fugia quando eu chegava. Mas imaginem, quem não fugiria tendo aquele “tamanhinho” em frente a um gigante? E um gigante mau que compra veneno para matar seres pequeninos?
Assim ficamos meses. Vendo-nos como se não nos víssemos. E para dizer a verdade, muitas vezes fiz olhos de cego para suas investidas fortuitas. Ele achando que eu não o via passava despreocupadamente próximo ao meu pé.
Não fosse a solidão...
Ele também me via quando eu não o via. Eu sabia. Quantas vezes ouvi um frenético bater de pés no piso do banheiro quando me desfazia do excesso de álcool na privada, ou quando bradava impropérios sozinhos na sala.
É!...Nunca tive coragem de matar meu amiguinho!
Talvez um dia quem sabe?... Após dias sem eu não aparecer ao trabalho, a polícia venha e arrombe minha porta e encontre a embalagem do veneno aberta, caída ao chão, ao lado de meu corpo sem vida, e ao lado o cadáver de um camundongo.

quarta-feira, abril 23

INDIGNAÇÃO

É lógico que qualquer pessoa que tenha um pouco de humanidade fica chocado e indignado com casos como o da menina Isabella Nardoni, mas o que também me indigna e muito, é a festa feita pela mídia sensacionalista e vampira que explora até a última gota de sangue e lágrima, não só das pessoas atingidas pela desgraça mas também dos seus leitores, ouvintes e tele-espectadores.
A desgraça dá audiência, e eles não têm pejo nenhum em aproveitar para lucrar um “pouquinho” mais.
Mas não é só isso que me indigna nesses casos, há também o fato de débeis mentais que não podem ver uma câmara de TV que já vão fazer parte do circo. É lamentável e indignante ver um bando de desocupados pulando e gritando em frente ao prédio onde ocorreu o crime, como se fosse uma comemoração de gol.
E não me venham dizer que eles não estavam lá para fazer aquela palhaçada toda só para aparecerem na TV, porque quando esta mesma mídia apresenta a noticia de uma criança pobre espancada, abusada ou assassinada em uma favela ou em um bairro da periferia, não se vê essa gritaria toda.– quando apresentam, porque desgraça de pobre dá pouca audiência.
E pra completar a festança, ainda houve um “show-missa” com artistas famosos e direito a populares tirarem fotos com a mãe da menina.
É tipo um pequeno souvenir para depois mostrar para os amigos: _Olha eu em uma foto com a mãe da menina Isabella.
É... parece que o diabo ganhou a guerra mesmo e não tem volta.
Uns perdem a humanidade, enquanto outros perdem a noção do ridículo.

sexta-feira, abril 11

Coisas que acontecem


Não tem um aviso. Não é como o corte do fornecimento de energia elétrica, que chega com um comunicado alertando que se não houver o pagamento da fatura ficarei no escuro. Não é como a carta de uma amante ressentida ou entediada que diz: acabou, ou a bravata de um inimigo que alerta que serei atacado. Apenas fico sabendo.
Chego em casa para dormir, como todos os outros dias. Mas em determinados dias percebo: é hoje.
Tento de todas as formas postergar a hora de dormir. Pois será exatamente na hora do sono que irá acontecer. Penso em virar a noite acordado. Em vão tento passar toda à noite lendo um livro, mas o sono vem. Se ligo a TV logo meus olhos começam a pesar como se de chumbo fossem. Inutilmente jogo água fria ao rosto. À vontade – necessidade ou ordem – me levam de novo a cama.
Uma força que vem não sei de onde, sempre me encaminha para a cama. Não sinto medo. Apenas sei que devo deitar.
Um sentimento idiossincrático, me obriga a dormir, vencendo um paradoxo sentimento muito primitivo que tenta um duelo. Mas não há razão, a lógica perde o sentido, o sentimento de preservação é obscurecido como o de um viciado em frente à droga, É o néctar da adrenalina de um pára-quedista, que mesmo sabendo que pode se estatelar ao chão; arrisca-se. Sou como o Gnú que sabe que o rio está infestado de crocodilos e mesmo assim tento a travessia. Assim sou eu, atiro-me aos braços de Morpheu.
Em uma última tentativa de fuga, deito de bruços.
Há a proteção do lençol, do colchão, do lastro da cama, da forração do piso e o piso. Estou no quarto andar. Abaixo de mim, há concreto, aço, mobílias e um monte de coisas que sei que não irão impedir de meu peito ser tocado, mas mesmos assim como uma última tentativa, eu tento.
Disseram-me que contar carneirinhos ajuda a dormir. Já fiz isso em noites de insônia. Perdi as contas de quantos carneirinhos contei e junto com eles, perdi a chance de dormir. Com o passar dos dias – ou melhor, as noites -, aprendi que tentar relembrar o último livro lido ou filme que havia assistido, me trariam o sono perdido. Isso é para mim muito precioso, pois sofro de uma interminável insônia. Parece que só durmo normalmente – se é que pode ser chamado de normal -, quando sinto que será “naquela noite”.
Já falei que meus olhos pesam como chumbo! Nunca fiz yoga! Mas deve ser assim que ficam os grandes mestres ao atingir a plenitude da concentração. O tempo some. Meu corpo fica leve. O coração – órgão que nunca sinto, em outros momentos – começa a retumbar calmamente como ao de um cortejo fúnebre. E vai diminuindo, diminuindo, diminuindo até eu não o perceber mais.
Não tenho mais senso de equilíbrio e de espaço, não sei mais se estou de bruços ou não. Ouço coisas que não sei dizer o que são, apenas sei que são aprazíveis. É como um gozo! Não um gozo normal. Não é carnal...
Mesmo não sabendo nada, sei que sentirei algo entrando em meu peito. É como um braço com uma mão não humana percutindo todo o interior de meu interior. A sensação não é ruim, mas também não causa nenhum prazer.
Essa mesma “mão” sobe pela garganta e detém-se em meu cérebro, e é nesse momento que tudo some. Não lembro de mais nada, e no outro dia acordo sem lembrar de nada, nem sequer do que estou revelando agora. No outro dia é como se nada houvesse acontecido.
Sei que hoje ira acontecer de novo, por isso estou escrevendo, pois logo não conseguirei mais concatenar nenhum pensamento e terei de ir dorm.........

sexta-feira, abril 4

O azar de Baltazar


Baltazar tinha certeza que era azarado. Não adiantava as negativas de sua mãe. Ele sempre afirmava que o próprio nome já indicava a maldição: Baltazar.
Estudou em escola pública. Não foi medíocre. Rodou só um ano no primeiro grau, e ele tinha certeza, que fora por azar. Era só marcar a resposta certa. E ele sabia qual era. Mas na hora de marcar, marcou a opção errada.
Bom... Isso foi no primeiro grau, do segundo não podemos falar, pois ele nunca foi para o segundo. Vagabundo? Não... Baltazar, sempre foi dedicado e sonhou com um grande futuro. Mas havia o azar... Quando iria fazer o segundo grau na Escola Técnica Agricola, o azar – que nunca o deixava – levou seu pai desta para uma melhor. Se era melhor ele não sabia realmente, mas era isso que falavam. Teve de largar os estudos para manter a mãe paraplégica e os quatro irmãos. Dois deles já em final de carreira pelo crack.
Teve vários empregos, todos sem muita importância, e nesse ínterim os irmãos que estavam pela bola sete, o crack os levou. Um sem dúvida a droga matou, o outro dizem, foi uma divida com um traficante que o despachou.
Tentou recomeçar os estudos, mas veio a morte da mãe e comeu os poucos reais que tinha guardado. Soube que era o azar que veio para ferrar com ele. Ficou ele e os dois irmãos. E ele como era mais velho, ficou a obrigação de ser o mantenedor.
Um dos irmãos parecia ir muito bem, até que a policia o pegou vendendo petecas na faculdade. Faculdade esta muita cara que Baltazar pagava com muito esforço. O coitado, não agüentou muito tempo e se enforcou. Era dos quatro irmãos o mais bonito. Tinha olhos verdes, como um convite em uma cela de homens brutos e sedentos...
Sobrou o caçula. Este sim, Baltazar botou fé. Era muito expansivo e fotogênico. E de tão fotogênico, acabou em um cartaz daqueles de pessoas desaparecidas. Baltazar nunca mais soube do menor.
Continuava Baltazar em vários empregos. Foi garçom sem muita habilidade, pedreiro de meia colher, homem-baner e um monte de coisas que não renderam nada.
Baltazar sabia que estava no caminho certo. O problema era o azar. Se algo fosse sair errado, ele sabia que seria com ele. O azar tinha escolhido ele.
Quando surgiu a chance de gerenciar um bar em Torres, bem quando começava a temporada de praia, teve hepatite, ficou fora. Quando um amigo lhe ofereceu a sociedade para um bar na Padre Chagas, o amigo acabou embaixo de um caminhão. Quando decidiu enlouquecer e entrar para o teatro, surgiu uma gagueira do nada que não permitiu ele fazer papel algum. Quando surgiu a chance de fazer a campanha de um candidato a deputado federal, teve o azar de traçar a menina que era do próprio. E por aí foi...
Até que um dia tomou uma decisão. Não esperaria mais nada da vida. Ele iria buscar a sua sorte, já que a sorte só o sacaneava. Pensou...Pensou, e ficou resolvido: Iria para o crime. Se fazendo tudo direitinho não dava, iria então pelo outro caminho.
Nesta época, Sirlei, sua namorada, trabalhava como caixa em uma lotérica fazia uns oito meses, e sua dedicação havia conquistado a confiança de Seu Agenor, o proprietário. Sirlei começou a fazer uma minuciosa pesquisa e, descobriu que o dinheiro que entrava após o fechamento do banco, Seu Agenor escondia embaixo de um velho sofá que ficava em uma sala que servia como “sala do cafezinho”.
Um dia no horário do almoço, Sirlei surrupiou a chave da mesa de Seu Agenor e fez uma cópia. Esperaram com paciência o dia ideal. Finalmente, houve o grande dia. Mega Sena acumulada. Não haveria oportunidade melhor. Baltazar sabia que a chance de botar a mão naquele prêmio, faria o sofá de Seu Agenor estufar de tantas apostas que seriam feitas.
Baltazar saiu de casa a meia noite e encaminhou-se para a lotérica. Não sentia medo, sabia que agora seria diferente. Não estava mais contando com a sorte – no caso dele com o azar, é bem verdade -. Agora era ele que estava no comando. Chegou em frente da lotérica, estava tudo calmo, sabia que a Sirlei havia dado um jeito no alarme. Abriu a porta e entrou acendendo uma lanterna que havia carregado consigo.
Conforme as instruções de Sirlei, correu para os fundos. Levantou o velho sofá. O coração quis saltar-lhe pela boca. Calou um grito de surpresa e raiva. Nada! Não havia nada embaixo do sofá. Resolveu que não podia perder o controle. O dinheiro tinha que estar ali. Era só encontra-lo. Sem perder tempo começou a erguer todos os móveis, abrir todas gavetas e enfiar a mão em todos os orifícios em que podia caber algo.
Depois de revistar todo o banheiro, só sobravam os caixas. Mas Seu Agenor não faria uma loucura dessas. Mesmo assim revistou-os. Nada, nem um tostão, somente bilhetes e volantes preenchidos e que não foram vendidos. Tomado de uma fúria tremenda, Baltazar começou a quebrar tudo. Quando não sobrava mais nada para quebrar ele ouviu a sirene da polícia. Como um louco abriu a porta e saiu correndo rua afora. Não foi muito longe, foi pego na primeira esquina.
Quando chegou algemado na delegacia, Seu Agenor já estava atônito registrando o sumiço do dinheiro. Baltazar protestou que não havia dinheiro algum, mas não adiantou, foi para o presídio.
Mas o que tirou o tino de Baltazar e fez ele terminar de cumprir sua pena em um manicômio, foi o fato de haver na lotérica, em um dos caixas que ele havia quebrado, um volante da mega sena preenchido com os números que seriam sorteados. Bastava Baltazar ter pego aquele volante e esquecer o dinheiro das apostas e hoje seria milionário.
Mas não! O azar jogara a sorte grande nas mãos de Seu Agenor. Seu dinheiro nunca foi encontrado. Mas para que, se agora Seu Agenor era milionário? De tantos remédios receitados para tentar trazer de volta a lucidez, Baltazar morreu. Sirlei acabou casando com o Seu Agenor. Um dia revelou a um jornal local que sempre fora apaixonada pelo Seu Agenor – Que agora era chamado de Senhor Agenor -, só não revelou ao jornal que no dia do roubo, antes que Baltazar lá chegasse, ela com outra cópia da chave havia roubado o dinheiro, mas ao saber da sorte do patrão...


Gravataí, 29 de dezembro de 2007

quarta-feira, abril 2

Fernando "Cegueira"



Fernando Gabeira(PV) falou no egocêntrico programa do Jô, que um dos motivos que o levaram a querer ser prefeito de Rio de Janeiro é pelo fato de ele ter acompanhado uma amiga que sofreu um acidente a um hospital da cidade maravilhosa e aí se espantou com o mau atendimento e a falta de macas. Ficou horrorizado com as poucas macas que haviam e que estavam enferrujadas e sem colchões.
Não voto no Rio, mas se votasse não votaria num cara que mora em uma cidade e não conhece nem a realidade do sistema de saúde da cidade em questão.
Se o cara não enxerga a realidade dos hospitais públicos – que ficamos sabendo como estão todos os dias pelos jornais, rádios e TV’s – o que dirá do resto.
É muito ar condicionado e pouco pé no chão.