quinta-feira, julho 30

L e as estrelas


As estrelas que eu vejo lá no céu
São minhas amigas
Elas surgem e eu também
Em minha vigilia
Meus olhos são só para vocês
Minhas pequeninas
Mas porém quando vem o sol
Nós adormecemos.

As estrelas que eu vejo lá no céu
São minhas amigas
Elas que fazem muito bem
As minhas feridas
Quando estou sozinho
Meus olhos são só para vocês
Minhas pequeninas
Mas no verão eu sei
Meu amor vem
E nós nos amamos.

Para L.

quinta-feira, julho 23

PEQUENA SOLIDÃO


Volto a ti agora
Minha pequena solidão
Só contigo sonhar
Até o sol nos encontrar.

Volto a ti agora
Feito embarcação
Que no mar navega
Sem ter a direção.

Volto a ti agora
Fique só comigo
Só não me deixes só
Minha pequena solidão

Volto a ti agora
Em meio ao turbilhão
Pra barulhar este silêncio
Do teu mudo coração.

sexta-feira, julho 17

Esparando ele ligar


Ela olhou para os ponteiros do relógio na parede pela segunda vez naquele último minuto. Ele ainda vai ligar! Ela tinha certeza. Podia demorar, mas ele ainda iria ligar. Quem não daria retorno para um número que havia ligado seis vezes e deixado quatro mensagens no mesmo dia? As mensagens ela nem lembrava mais quais foram e as ligações foram sempre de total silêncio. Sempre que ele atendia, ela esperava uns três segundos em silêncio e desligava. Desligava e ficava a olhar para o telefone como quem implora: Liga! Liga!
Mas ele não ligou nenhuma vez. Mas era só esperar que ele ligaria. Ela sabia! Foi assim nas outras noites!
Olhou novamente para os ponteiros que estavam praticamente na mesma posição que antes. Estaria quebrado aquela porcaria? Aproximou-se do relógio e fez silêncio. Apurou o ouvido e não ouviu nada. Já ia pegar o dito cujo da parede quando lembrou que os relógios a pilha não fazem barulho.
Fixou os olhos no segundeiro que movia-se mais rápido que o preguiçoso ponteiro das horas. Sim! Estava funcionando! O negócio seria fazer alguma coisa para passar o tempo. Computador! Nada melhor para passar o tempo que o computador. Ela lembrou de quantas noites passou em claro na frente da tela do PC sem se dar conta que lá fora o dia amanhecia.
Enquanto o PC ligava, ela foi à cozinha preparar um café. Café solúvel. Só então percebeu que desde que conhecera ele, passara a tomar café solúvel. Antes disso nem pensar. Só tomava café passadinho na hora. Como a gente vai tomando para si as manias da pessoa que a gente ama pensou ela enquanto servia a caneca com cara de Garfield.
Sorveu um longo gole. Maravilhoso, mas iria colocar em uso novamente a cafeteira esquecida no fundo do armário. Tem coisas que devemos romper ou as lembranças não nos abandonam!
Logou-se no MSN e ficou triste ao ver que ele estava off-line. A “bruaca” da Márcia estava on. Se ele estivesse também na certa aquela vaca estaria teclando com ele. Ela nunca perdia uma chance “a oferecida”! Correu os olhos pelos contatos e não achou ninguém com quem quisesse falar. Resolveu dar uma olhada nos e-mails.
Não havia nada de interessante a não ser um que ela estava certa de ser uma palhaçada. As pessoas tem essa mania de mandar bobagens umas para as outras.
Ora! Desde quando a pessoa pode acessar “privacidade” nas opções do MSN e clicar no nick de alguém que está off-line e ficar sabendo se foi bloqueada ou não pela tal pessoa? Afirmava para si no mesmo momento em que tentava passo-a-passo ver se fora bloqueada por ele.
Não! Eu sabia que era besteira... é lógico que isso não funciona! Falou em voz alta um tanto aliviada. Ser bloqueada por ele seria algo que ela não iria agüentar. Ele já fizera coisas horríveis mas, bloqueá-la seria o fim.
O sinal de aviso - no canto inferior direito do monitor – de que alguém acabara de entrar fez seus olhos verem o horário na tela. Ótimo, pensou ela. Só mesmo o PC para fazer os lerdos ponteiros se mexerem.
Desligou a maquina e lavou a caneca do Garfield. Ele agora irá ligar. Ela sabia que há essa hora ele já devia estar preparando-se para dormir. Apagou a luz da cozinha e foi sentar-se ao lado do telefone. Será que ele vai ligar para o fixo ou para o celular? Ficou com o celular no colo, bem próximo das mãos. Bom! Agora é só questão de uns poucos segundos e ele liga! Ela sabia!
Passados alguns minutos em total silêncio ela decidiu ir para a cama. Ele vai ligar para o celular mesmo, para que ficar em pé? Trocou-se rapidamente e deitou-se com o telefone entre as mãos. Para não ficar de “bobeira” ligou a tv e ficou a assistir “sem ver” o telejornal. Sua cabeça estava presa na ligação que não acontecia.
O telejornal já ia para o encerramento quando ela acordou de um rápido cochilo. O celular caiu. Assustada ela busca-o, não pensando em que possa tê-lo estragado na queda mas, sim preocupada em ver que horas seriam.
Não podia ser verdade. Aquela hora ele normalmente já estava dormindo. Ele já devia ter ligado há muito tempo. O que ele estava pensando que ela era, algo que se joga fora? Aquele desgraçado iria se ver com ela.
Sentou-se de um pulo na cama e discou aquele número que ela já havia discado intermináveis vezes. Uma chamada.... Esperar... Outra...
_ Alô!... Surgiu uma voz sonâmbula do outro lado do aparelho.
_ E não me ligue nunca mais ouviu! – gritou e desligou satisfeita.
Foi dormir.

segunda-feira, julho 13


Oh! Bela musa
Bulina de leve o orifício da saudade
Não há idade para o ato e nunca é cedo.
Somente para a lágrima na noite e o medo.

Solta teus corcéis de dúvidas
Respira a brisa de liberdades
Nunca é tarde para noites lúdicas
Coroadas por sensuais dádivas.

Ama! Mas ama sem constrangimentos
Brada tua trombeta ao que te prende e,
Transpõe esse muro de duros lamentos
.

quarta-feira, julho 8

PELO TELEFONE




Era pelo telefone
Bem no começo do dia
Estávamos longe um do outro
Eu no centro e você na periferia
Mas sempre que você ria
Eu te via...

Só podia ser magia!

terça-feira, julho 7

Maldição das borboletas


Fui num baile na Sociedade Canto Lírico de Glorinha! O famoso “Baile dus Alemão”. Estava ótimo.
O único problema foi depois que saí de lá!
O baile já havia acabado. Os músicos estavam indo embora e eu então vim para Gravataí.
Até aí tudo bem! O problema começou no outro dia. Mal acordei e já estava cantando mentalmente Vitor e Léo. Eram borboletas que iam e vinham o dia todo.
Passei o dia com aquelas músicas na cabeça. Bastava eu parar de conversar e já vinha a batida melodia a cabeça.
A coisa ficou feia mesmo, quando comecei a assobiar a maldita.
Se eu não desse um jeito, poderia logo estar cantando também!
Aí piorou mesmo: Se eu ia ao banheiro, lá estavam eles alcançando-me o papel higiênico ou fazendo a barba. Na hora do almoço olhei para a mesa contígua a minha, e um deles – não sei quem é um e quem é o outro – estava lá “atracado” numa coxa de galinha frita. O outro para meu desespero, estava de avental do outro lado do caixa sorrindo para mim. Não preciso dizer que fiz um “happy hour” com os dois né?
No dia seguinte, já acordei com a tal música das borboletas. Tinha medo de abrir os olhos. Eles poderiam estar ali.
Dito e feito! Um segurava e me oferecia uma xícara de café, enquanto o outro estava em frente ao guarda-roupas escolhendo a calça que eu iria usar.
Fugi de casa desesperado – não olhei para traz, mas sabia que devia vir ao meu encalço, milhares de borboletas, pois a música eu ainda escutava – e confesso que a primeira coisa que pensei foi em lobotomia mas depois como fiquei sabendo que meu plano de saúde não cobre isso mudei de idéia.
Decidi então ir a polícia e registrar queixa. Eles eram obrigados a parar de me seguir.
O Delegado, homem já muito acostumado com bailões disse que não era para tanto. Bastava eu dar um tempo e ouvir outras músicas com melodias simples e letras mais ainda que eles sumiriam. Havia sim, o inconveniente de outra música e outra dupla ruim entrar em minha cabeça e não querer sair também.
Aceitei a princípio o conselho, mas depois que imaginei a hipótese de ser acordado por Bruno e Marrone com o “seu guarda eu não sou vagabundo...”, deixei por isso mesmo. Uma hora eles irão cansar e assombrar outro.
Isso tudo pelo menos serviu para eu entender como se faz uma música virar sucesso em poucos dias: Basta ela ser fácil e tocar no rádio e na tv o tempo todo. Ela pode ser horrível, mas será amada e o cantor pode até parecer com o cão chupando manga, mas arrancará suspiros apaixonados no instante em que pisar no palco dos “faustões” da vida.

sexta-feira, julho 3


Quis comprar alguém
Paguei o quanto podia
Logo percebi:
Paguei mais do que ela valia.

Quis me vender
Recebi o quanto queria
Logo percebi:
Recebi menos que valia.

Finalmente percebi:
Quando comprei, não ganhei,
Quando me vendi,
Nada recebi!

quinta-feira, julho 2

vice-versa


Não quero compor
Meu livro de poesias reunidas
Quero fazer pelas avessas
Um livro de poesias dispersas.
Sem se importar do que fala
Sem saber no que versa
E vice-versa...
Sem saber no que versa
Sem se importar do que fala
Um livro de poesias dispersas.
Quero fazer pelas avessas
Meu livro de poesias reunidas
Não quero compor
O chão que hoje
Pisa este tênis colorido
De duzentos reais
É o mesmo chão pisado
Por calçados,baratos,
Surrados, furados e rotos.

É o mesmo chão, que no passado
Foi pisado por botas
Ricas vindo da Europa
Por onde pisavam
Empregados e escravos em
Botas de garrãos de potros.

Pouco mudou! Pouco mudará!
Pois na velhice de um povo
Ou em sua infância,
Tanto em ricas cidades,
Favelas ou estâncias,
O que rege essa gente
Não é a solidariedade
E sim a sua ganância
.

quarta-feira, julho 1

Para Tiago Rosa


E num repente o pampa ficou quieto
Até os quero-queros perderam o tom
A lua, velha amiga nem brilha tanto;
Ficamos sem aquele noturno bom som.

Os bares, conosco ainda resistem
Mas há uma boa solidão
Parece até que as paredes
Já sentiram a falta de seu violão.

Claro! Não vou ficar sem meu trago
Saio na noite mesmo sabendo que
No bar não terá a voz bela de Tiago.

E fico eu aqui fazendo verso e prosa
Torcendo para que outras pessoas
Conheçam a música com perfume de Rosa.
Quebra tudo aí pelo Rio meu irmão.