terça-feira, março 31

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades-4


Como eu iria vender meus produtos se meu espaço era pequeno? Tinha um monte de perfumes, cremes, shampoos e outras coisas mais para mostrar. A calçada estava ali na minha frente, porque não usar? Coloquei uma balança para as pessoas conferirem peso, batimento cardíaco, pressão... e do lado os meus produtos em ofertas. As pessoas não puderam mais usar a calçada, mas acharam bem legal a balança!
(Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa.)

segunda-feira, março 30

Aroma de Jasmim


Marco aspirou com força, Sentiu aroma de jasmim.
A diáfana presença de Xavier estava ali e Xavier o enlaçou por sobre os ombros. Coisa de amigo. Marco beijou-lhe a face macilenta e convidou-o com um envergonhado movimento para sentar-se no banco de concreto que a bondade municipal o oferecia.
Xavier não sentou. Não foi ato de rebeldia ou descontentamento. Xavier estava sem saber o que fazer enquanto Marco olhava a paisagem com olhos de fotografo. Marco parecia querer registrar a paisagem para sempre. Acostumou a ver coisas feias. A que via o aprazia.
Marco o puxou pelo braço como se assim pudesse.
O mundo é bonito – devolveu Xavier -, sim... É muito bonito.
Sei pai... respondeu Marco.
A gente ... – continuou Xavier - só fóde com ele...
Sei pai... respondeu Marco.
Mas poderia sentar ao meu lado para conversar – insistiu o filho.
Se Lênin tivesse sentado – respondeu Xavier – a revolução seria feita? Se Dumont tivesse sentado hoje estaríamos voando? Se Chaplim falasse seria genial? Se Marco Pólo...
Ta bom!...Ta bom!...Ta bom...
Vou ficar de pé. Aproveitar o tempo que posso ficar de pé! – proclamou Xavier.
Marco secou uma lágrima que achou que correria do olho esquerdo e levantou-se.
Vamos ficar de pé. – resolveu -.
Ótimo!... – falou o pai – É de pé que um homem deve ficar!
Pai! temos pouco tempo... – implorou Marco -.
Pois é!... Quando quis usar esse tempo, tu não tinhas tempo!
Desculpa.
Deixa de frescura e me dê um abraço!
Era um pedido inusitado e fora de tempo – para a cabeça do filho -. Marco respirou profundamente e afrouxou todos os músculos de seu corpo. Não iria negar aquele tão esperado e tardio abraço.
Jogou-se nos braços do pai como um náufrago a uma ilha. Os braços de seu pai eram ao mesmo tempo reconfortantes e estranhos. Não lembrou de estar seguro por aqueles braços em nenhum momento em sua vida. Aquilo era muito bom, prazeroso, gostoso e seguro.
Ficaram naquele enlace por poucos segundos, mas foi o suficiente para eles sentirem a necessidade do amor, da amizade, da cumplicidade e da segurança que cada um precisava.
Uma nova vida veio ao mundo, outra deixou de existir por uma doença acometida, uma mais apagou-se com um tiro sabe-se lá de onde, uma folha caiu de um carvalho, um amor chegou ao fim, alguém caiu de bêbado e outro de descuido, uma estrela cadente cruzou os céus, uma tartaruga caiu na rede de um pescador, um copo caiu no chão, alguém deixou cair uma moeda de cinco no vaso de um banheiro imundo, um beijo foi roubado, uma cerveja foi aberta, um casal brigou e um gerânio floresceu naquele momento. Mas eles – naqueles segundos que se abraçaram – não viram nada alem de: Pai e Filho.
Pai...Perdemos muito tempo, mas agora não há mais nada a fazer!
Sei meu filho! Apenas esperei este momento de poder abraçar-te!
Xavier soltou-se do abraço.
Vamos lá! Estão todos esperando.
Sim! Vamos... Te amo meu filho!
Também te amo meu pai!
Xavier retornou a sala onde estava sendo velado. Voltou a deitar-se em seu caixão e descansou tranqüilo.
Marco ainda ficou por um tempo no jardim sentindo as lágrimas correrem pelo rosto e um leve aroma de jasmim.

sexta-feira, março 27

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades-3


O sinal fechou.
_Olha!... Aquele menino é muito habilidoso com aquelas quatro bolinhas!

_Consegue fazer igualzinho aqueles que vão no Faustão!
_Vamos dar um real pra ele. Quem sabe amanhã quando ele for hábil com uma pistola, ele se lembre da gente e não nos mata!

(Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa.)

quinta-feira, março 26


Adoro ser elogiado com notas de cem!

THE TIME OF TUNEL

EU JÁ NÃO AGUENTO MAIS
DE TER DE FICAR QUIETO
NÃO PODER FALAR DE TI
MINHA VONTADE AMOR
ERA POR NOS JORNAIS.

QUERIA QUE TODA A CIDADE
SOUBESSE QUE QUANDO ESTAS LONGE
EU QUASE MORRO DE SAUDADE
QUERIA QUE TODOS TIVESSEM A NOÇÃO
QUE QUANDO NÃO POSSO ESTAR COM VOCÊ
É SÓ TRISTEZA E AFLIÇÃO.

SE AO MENOS ALGUÉM PUDESSE SABER O QUE SINTO
PUDESSE ME VER TE CALÇANDO AS MEIAS
PUDESSE VER VOCÊ FAZENDO O JANTAR PRÁ MIM
SE AO MENOS ALGUÉM PUDESSE TER A CERTEZA
QUE A GENTE NÃO É MAIS DOIS, SOMOS UMA SÓ PESSOA.
QUE VIVEM NA CAMA, NOS BARES E NAS MESAS;
UM AMOR PROIBIDO NUMA BOA.

para delícia

quarta-feira, março 25

As vezes eu acho que eu fui abduzido.


As vezes eu acho que eu fui abduzido.
Não que fui abduzido da terra para um outro planeta ou para uma nave alienígena, mas que fui abduzido de um outro planeta para a terra.
Falam que todo brasileiro é apaixonado por carro – o que é uma mentira: todo ser terráqueo é apaixonado por carro. – e eu não tenho o menor interesse por eles.
Sei diferenciar um fuca de um opala, um kandango – peguei pesado né? – de um gordini, uma brasília de um corcel, mas os carros de hoje, não sei a diferença e nem sei qual é um e qual é outro. Não sei nem o nome dos carros mais novos, e quando falo de novos falo os de quinze ou vinte anos para cá.
Não sei o que é um golf ou uma meriva – nem se é assim que se escreve -, o que é um funcional ou qualquer outra designação que dão aos carros.
Moto então... Só sei que moto é algo com a mesma lógica de um peão ou de um bambolê: É feito para rodar, mas que uma hora vai cair, isso vai...
Escuto no rádio ou então escuto alguém cantando uma música e pergunto de quem é. Me respondem que é de tal banda e que é do meu tempo – como se eu estivesse cometendo um crime em estar vivendo em um tempo que não é meu – . Não conheço nem a música e muito menos a banda.
Mas o pior é com o tal do futebol. Não tenho time, não escuto e nem assisto futebol. Nunca fui a um estádio e até troco de canal quando o tele-jornal fala de futebol. Vi alguns jogos do Palmeirinhas na Vila Marrocos, porque morava do lado do campo e tinha cerveja, mas nunca torci pra ninguém. Não sei bem as regras e nem quem é de qual time.
Sempre fico com cara de idiota ao ouvir as piadas sobre o grêmio e o inter por não saber o que está acontecendo, e o pior: Como não dou risadas da piada contada por um gremista sou acusado de ser colorado e vice-versa.
Sem contar o fato de ficar horas em um bar sem poder falar nada porque não assisti o jogo que ocorreu na semana passada e eles estão discutindo ainda sobre o tal jogo desde a semana passada.
Como não gosto de formula I....
Ainda bem que a cada dois anos tem eleições, mas até isso eu já to enchendo o saco.
Quem tiver uma caverna ou uma ilha deserta para alugar, por favor entrar em contato comigo, mas já vou avisando, não tenho conta bancária, comprovante de renda, carteira assinada e meu CIC foi prô saco.


Stanis Fialho

terça-feira, março 24

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades-2


Ninguém mais pode estacionar no centro. Cada vaga é disputada como uma benesse divina. Vou criar uma empresa. Tem eu como o empresário e as vagas como meu produto. Tanto faz se eles já pagam impostos para usar os espaços públicos. Vou cobrar uma leve propina para cuidar dos carros deles, se não pagarem posso arranhar a bela pintura dos carros e da próxima vez eles entenderão que eu faço um trabalho social.
(Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa.)

sexta-feira, março 20

Então eu não sou louco...

Vale a pena dar uma conferida na matéria que saiu na "Economist" dos EUA.
http://agente65.blogspot.com/2009/03/fhc-estava-errado-e-nos-certos.html

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades-1


Ela queria ganhar dinheiro mas não queria ter um patrão. Comprou pequenas e baratas bugigangas e foi para o centro da cidade com as tais porcariazinhas dentro de uma pasta verde de plástico. Forjou um documento onde dizia ela estar arrecadando donativos para alguma boa causa e passou a vender aos caridosos transeuntes que ela sabia serem muitos. Alguns por serem bons e outros por estarem com a consciência pesada.

(Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa.)

terça-feira, março 17

Vereadora deve votar de acordo com o marido??

Hoje pela manhã-17/03- Rosane Oliveira, na Rádio Gaúcha, criticou a Vereadora Juliana Brizola(PDT) por ela votar contra interesses de Yeda mesmo tendo o marido da vereadora cargo no governo.
Ora! Uma mulher tem de ter a mesma opinião do marido?
Uma vereadora tem de votar levando em conta o cargo do marido?
Que visão machista esta hein?