domingo, abril 26

Cadeiras nas Calçadas


Hoje me veio uma lembrança bem antiga!
Lembrei da época em que morava na Rua Pinheiro Machado, hoje conhecida como Adolfo Inácio Barcelos.
Lembrei do verão. Do veraneio do gaúcho, onde todos corriam em direção ao litoral. Naquela época não existia a Free-way e todos que para o litoral se encaminhavam tinha de passar em frente a minha casa.
Não conhecia o mar. Sabia um pouquinho como era por causa dos relatos de minha prima Gorete que ia todo verão para Mariluz.
Como não tínhamos casa na praia e nem dinheiro – ou talvez meus pais não tinham vontade mesmo de ir, sei lá! –, colocávamos cadeiras na calçada em frente a nossa casa – que também era a oficina de ourives de meu pai – e ficávamos olhando o movimento de carros e de pessoas que paravam para tomar uma Brahma – que naquele tempo era sinônimo de cerveja -, um sorvete ou tomar um café com sonho ou com um farropilha que somente muitos anos depois descobri que era apenas um pão francês – cacetinho – com presunto, queijo e margarina.
Bem em frente a nossa casa ficava a praça – ou melhor: ainda fica, nossa casa é que não fica mais - com seus brinquedos e um chafariz com águas que eram coloridas e que naquele tempo não sabia que era apenas o efeito de lâmpadas coloridas. Mas era lindo.
Claro que não ficava sentado nas cadeiras em frente a casa – lembrei de Chico e Vinicius em “Tem certos dias que lembro em minha gente... com cadeiras nas calçadas...” -, ficava a brincar e a andar de triciclo Bandeirantes, desde a Esquina das Novidades até mais ou menos na Loja Landau – primeiro incêndio que vi -, sempre sobre o olhar preocupado de meus pais, mesmo eles sabendo que naqueles tempos o perigo ainda não existia.
Claro que isso era no tempo que acordávamos cedo no domingo para ir a missa e o almoço era uma festa porque tinha salada de batata com maionese – feita em casa – e refrigerante – um litro de Pepsi ou Minuano para seis pessoas -.

2 comentários:

Bárbara disse...

Provoca-me nostalgia com uas palavras lançadas em tiros certeiros à emoção.

Bárbara disse...
Este comentário foi removido pelo autor.