sexta-feira, abril 24

A BELA DA LUA


Em noites frias de junho, quando nem as portas dos bares se arriscam a me dar guarida e até os mendigos com seus respectivos cães se ocultam nas sombras, como se as sombras pudessem produzir algum calor, eu me jogo na grama molhada e fria do parque a fim de olhar a imensidão negra pintalgada de prateadas estrelas.
O frio negro da noite, e o frio verde da grama aumentam com o frio translúcido do cortante minuano, fazendo quase que congelar o vapor que me sai da boca.
A temperatura de meu corpo cai e fico como que sonolento a ver ela sair de trás da lua cheia, sem ao menos dar atenção ao frio com seu transparente e branco véu de nuvens a cair pelos ombros chicoteados pelos dourados fios de cabelos que voam ao sabor do vento.
A bela como que louca corre descalça por sobre as pontiagudas estrelas, que ferem seus pequenos pés, de onde jorram gotas de sangue tinto seco em direção a minha sedenta boca.

Um comentário:

Bárbara disse...

a-m-e-i! podia ficar horas lendo isso. meu muso das letras!!!hehe