terça-feira, setembro 21

PRIMAVERA

Com o sol a aquecer à tarde
O passeio ficou pintado de pessoas alegres
E o silêncio habitual virou sons de piqueniques.

Mães correram a passear com os filhos
A aproveitar a trégua dada aos intermináveis dias de chuva;
Jovens cansados de televisão e vídeo-games
Ganharam os parques com seus trajes esportivos
Alguns a procura do prazer de exercícios físicos
Outros – vaidosos – apenas para mostrar o corpo;
Cães ha muito aprisionados em apartamentos
Corriam satisfeitos junto a seus donos;
E livros ha muito fechados, exibiam suas folhas abertas
Como se fossem folhas verdes a processar uma literata fotossíntese.

Eu domino minha heliofobia
E junto-me a esse alegre panorama;
Vou só, com meus discretos e corriqueiros trajes
Com um livro fechado preso ao braço;
Não estou interessado em exercícios ou literatura.
Com a chegada da primavera só tenho um interesse: as flores...

Estas flores que passam sorridentes sob o sol da tarde.
Flores loiras, ruivas, negras e – sempre... sempre – morenas
Principalmente as flores morenas de folhas revoltas e esvoaçantes.

Não sou o único que se dedica a essa botânica sensual
Inúmeros olhos masculinos correm de uma flor a outra
Buscando aquela que lhes pareça à ideal.
As mais enfeitadas ganham maiores quantidades de olhares
Mas meu olhar logo perde o interesse nelas
Pois encontro neste enorme jardim uma flor que não precisa de enfeites para ser bela;
A simplicidade e o despojado trajar a torna a rainha entre estas flores
E mesmo todos os olhares e sorrisos deste saboroso ramalhete
Não se comparam ao seu jeito amado de menina moleca.

2 comentários:

Bárbara disse...

Meu bom jesus!
Que escrita linda!
Cheia de panoramas e paralelepípedos saídos diretamente do nosso mundinho particular!
que bom que tu te juntou a ele também!
te adoro, lalau!
essa poesia enfeitada de flores foi tão linda quanto este teu ser sensível e essa tua cabecinha genial!
beijos mil, e saudosos!

Anônimo disse...

Eu queria escrever alguma coisa minha. Bonita e simples.
Mas só consigo pensar na falta que você me faz de vez em quando.
E é isso. Você me faz tanta falta de vez em quando…