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sexta-feira, abril 15
Prolongando o Fim
Há muito havia acabado. Nós dois sabíamos que nada sobrara daquilo que um dia chamáramos de amor e que um dia fora um casal. Chegamos um dia ao momento que não havia mais o que esconder: Estava terminado!
Um de nós tinha de dar um basta, e foi você! Não tive a coragem de tomar a decisão, você tomou! Chorei! Você chorou! Não choramos por amor, mas pela dor de ver que tudo aquilo que um dia nós havíamos jurado ser para sempre chegou ao fim.
Como dois seres evoluídos e inteligentes resolvemos tudo terminar, mas havia coisas a serem acertadas antes de cada um ir para o seu lado. Ficou combinado que resolveríamos tudo com civilidade. Era só o tempo de acertarmos coisas que julgávamos triviais: casa, pensão, carro, família e tudo o mais que nos unia.
Pensava que tu ficarias em casa ao meu lado como sempre ficara até tudo se resolver, mas não! Tu começastes a ter imediatamente uma nova vida enquanto eu estava ainda entre o apper e a lona. Por respeito ou costume me pedias para sair e eu num fingido desdém te olhava e dizia: Vai!
Vai para tua vidinha pequena e burra, para tua noite falsa e podre, para os teus perdidos e doentes de espírito eu dono de mim dizia.
Tu ias! Eu ficava sozinho naquilo que um dia foi nosso lar. Olhava as paredes e não via as mesmas paredes que um dia serviu de redoma a nossa felicidade. Olhava os móveis que nós compartilhamos por toda uma vida e não os sentia mais como sendo meus. Olhava os retratos na estante e via uma família destruída... podre...
Não bebia! Me reclusava aos meus livros e discos mas eles não me davam o prazer que antigamente no meu silêncio mesquinho e egoísta em tua presença me davam. Vagava pelos corredores e cômodos vazios para preencher-me e mais vazio me tornava.
Não conseguia dormir! Ficava guardião dos ponteiros do relógio da sala de jantar. A todo som que vinha da rua corria para a porta de entrada esperando ver você furtivamente, alegre e embriagada entrar. Não eras tu! Era apenas mais um carro que passava em frente daquilo que um dia nós chamamos de nossa casa.
Finalmente tu chegavas e o desdém que havia lhe dado a “´permissão” de sair era metamorfoseado pela mais dolorosa e rancorosa raiva.
Perdida! Vadia! Burra! Mesquinha! Bêbada! Insana! Eram apenas os primeiros adjetivos que lhe jogava na cara. Tu tentavas ficar indiferente a tudo, mas depois de tanto ouvir imprecações explodias. Brigávamos por pelo menos uma hora até tu desistires e ir dormir no quarto que um dia fora nosso e eu me jogava louco como um kamikase no sofá da sala.
Não dormia de pronto! Em parte devido à excitação do embate e também pelos pensamentos e sentimentos que me percorria a cabeça feito carrossel. Abatido pelo cansaço adormecia.
Nem bem clareava o dia pulava do duro sofá e preparava um café para despertar-lhe - Não levava flores junto às torradas porque sabia que seria teatral demais - . e passava o dia inteiro a lhe paparicar e esforçando-me para criar em ti aquele velho sentimento que a muito estava morto, até o amor novamente como um camaleão retomar as cores do desdém.
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