" O homem está condenado à liberdade " Jean-Paul Sartre. -
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De repente me vi saci, me roubaram a perna, e justamente a direita, aquela que domino melhor. Roubaram é forma de dizer é lógico, ela ainda ta ali, eu a posso ver ou para ser mais exato, posso ver os dedos do pé – ta bom, eu sei o nome certo é artelhos, mas fica como dedos mesmo, é assim que todo mundo chama – e um monte de bandagens e esparadrapos, que chamaram de tala, onde eu deveria ver a perna. Perder uma perna assim não chega ser o fim do mundo. O problema é que foi no dia primeiro de 2010, apenas dois anos antes do fim do mundo. E além do mais agora terei de começar o ano com o pé esquerdo. Claro que não sou supersticioso e nem acredito em “previsões Maias ou seja lá de onde venham” - a única previsão que acredito é a do dono do bar, quando ele diz: Ta gente! Essa é a saideira mesmo! Quando ele fala isso eu sei que é sério e será a saideira mesmo – mas, não vale a pena arriscar... Perder uma perna assim é ruim também porque ficamos muito dependentes. Existe inúmeras coisas que não se pode fazer sozinho só com uma perna, e isso me aborrece, não que eu não seja preguiçoso, porque isso eu sou e até com um certo orgulho, não consigo ver muita inteligência em quem gosta de trabalhar o tempo todo. Não é que eu seja orgulhoso e não queira a ajuda dos outros, a ajuda dos outros é sempre bem vinda, mas prefiro fazer as minhas coisas eu mesmo. Perder uma perna assim é ruim porque perdemos a facilidade de locomoção. Pra ir da cama até o banheiro é uma dificuldade, até a geladeira então... Isso sem falar na manobra de guerra para se tomar banho... Mas o pior em perder a perna é que junto com a perda dela vem o antiinflamatório e aí adeus cerveja. É um absurdo... O homem viaja pelo espaço, desvenda o seu próprio código genético, cura inúmeras enfermidades, mas não consegue fazer um antiinflamatório que se possa ou “deva-se” tomar com cerveja. Depois querem se dizer seres superiores, racionais, inteligentes, feitos a imagem Dele e coisa e tal.
São tantas as horas que eu passo sozinho Que eu fico pensando que eu sou uma ilha Perdido no oceano sem sonhos nem planos De dores e prantos já tenho uma pilha.
São tantas as noites Que eu deito e não durmo Que eu choro baixinho pensando em te ver Parado na porta seguro essa barra Sem eira nem beira me resta viver.
Já não precisas mais voltar Pois na sua volta quase nada vais achar Já não preciso de você Me fiz poeta inspirado no sofrer.
As longas conversas não servem prá nada Não cabem na boca palavras vazias E eu fico calado contando carneiros Olhando no espelho as noites e os dias.
Já não desespero, me ajeito sem jeito Me pego pensando que a vida é só isso O som da cidade me nana e me mata Sou caso perdido vegeto sem viço.
Já não precisas mais voltar Pois na sua volta quase nada vais achar Já não preciso de você Me fiz poeta inspirado no sofrer.
Já não precisas mais voltar Pois na sua volta quase nada vais achar Já não preciso de você Me fiz poeta inspirado no sofrer.