Duas da madrugada, Adelaide - esposa do Dr. Roberto -, de pernas abertas em frente ao Dr.Eurico, está parindo seu primeiro filho. Ou melhor, sua primeira.
Neste mesmo momento, Maria, também de pernas na mesma posição espera o seu quinto. Não tem os conhecimentos e as mesmas condições de sua patroa. Tem Severa, a parteira do bairro para ajudar a vir ao mundo mais uma das tantas que irão sofrer a má sorte de nascer, como a maioria das pessoas que trabalham para o Dr. Roberto.
Duas e vinte vem a furo – como costumam dizer – as duas crianças.
Dr. Roberto não fica triste, mas desejava um menino. João –marido de Maria - fica feliz em saber que nasceu uma menina. Já tinha quatro “gurizes”. Finalmente havia a princesinha.
Dr. Roberto fez uma festa para centenas de convidados. Queria fazer só para uns três chegados, mas como era ano de eleição...
João corre a venda de Edgar e paga alguns martelos para os que ali estão. Talvez por uma felicidade sincera ou talvez por querer tomar uma canha mesmo, todos ficam felizes.
Na segunda-feira, Dr. Roberto, todo orgulhoso oferece um “quase” lauto café da manhã a seus empregados antes deles irem para a lida, e fala do nascimento de sua filha. João, faceiro que nem pato n’água diz que também nascera sua filha naquela mesma noite. Para mostrar ser uma pessoa muito generosa, Dr. Roberto em um impulso declara que a filha de João cursará o mesmo colégio de sua filha as sua expensas. Todos fazem festa como se a filha de João fossem suas filhas.
_ Meus amigos – fala o pai-patrão-candidato -... Gostaria de colocar as filhas e filhos de todos vocês nas melhores escolas, mas como sabem a vida anda dura!... Mas quem sabe, se eu me reeleger eu não possa fazer isso! – falou com uma falsa sinceridade.
Com o sonho de ter suas filhas em um bom colégio todos votam nele e Dr. Roberto se reelegeu por mais umas muitas vezes, mas nunca cumpriu o prometido. Apenas a filha de João teve essa sorte. Afinal, alguma coisa ele tinha de fazer, aquele povo matuto podia desconfiar de sua “bondade”.
As duas crescem juntas. Boas amigas. Mara – a Marinha como era conhecida a filha de Dr. Roberto – não é o que poderíamos dizer uma boa aluna, mas Luana, filha de João se destacava em todas as matérias.
Marinha teimou em entrar em um curso de música e queria com ela a amiga Luana. Mas lá naquelas grotas não havia escola de música. Dr. Roberto teve de mandar a filha estudar na capital e junto o “capricho” da filha: Luana.
Na capital Luana aprofundou-se nos estudos, enquanto Marinha levava uma vida de eternas festas. Luana só tinha ouvidos ao seu professor de piano e Marinha só ouvia os galanteios nos bares.
Eleição vai e eleição vem, vem junto o casamento de Marinha. Casa-se com Bernardo, filho de um grande arrozeiro da região que logo é lançado candidato a prefeito.
Como Bernardo – o jovem marido de Marinha - era o candidato do Dr. Roberto, não deu outra: ganhou com larga vantagem.
Após a diplomação na Câmara Municipal houve uma festa no casarão do Dr. Roberto.
Lá estavam as maiores cabeças da política juntamente com o pároco, o delegado, o juiz de paz e toda a velha nata da cidade.
Altas horas da noite, após os intermináveis discursos e adulações, Dr Roberto chama a filha, agora Primeira Dama para cantar.
Martinha chega-se próximo ao piano e diz:
_Antes de eu cantar, quero que vocês ouçam o piano maravilhoso de Luana. Luana que é uma maravilhosa instrumentista graças ao maravilhoso coração de meu pai! Depois cantarei com o acompanhamento dela!
Luana nunca havia tocado em público a não ser no conservatório, Mas foi magistral. Tocou impecavelmente a “Heróica” de Chopin, o “Imperador” de Beethoven e “Convite a Valsa” de Weber sem angariar um aplauso sequer. Marinha larga uma taça de champanha e posta-se em frente ao piano.
_Agora cantarei acompanhada de minha maninha Luana! – ouve-se aplausos. Uma tímida e envergonhada Luana começa a tocar ao piano uma ária de Verdi.
Marinha solta a voz. É um desastre.
Desafina, perde o ritmo, perde a voz, perde a noção do ridículo e canta de novo ao ouvir os insinceros pedidos de “mais um”.
Luana continua a tocar, segurando uma lágrima que teimava em tentar a cair pelo canto do olho.
Nessa noite ela percebeu realmente a diferença de ser alguém de talento em vez de ser a “Primeira Dama”.
Neste mesmo momento, Maria, também de pernas na mesma posição espera o seu quinto. Não tem os conhecimentos e as mesmas condições de sua patroa. Tem Severa, a parteira do bairro para ajudar a vir ao mundo mais uma das tantas que irão sofrer a má sorte de nascer, como a maioria das pessoas que trabalham para o Dr. Roberto.
Duas e vinte vem a furo – como costumam dizer – as duas crianças.
Dr. Roberto não fica triste, mas desejava um menino. João –marido de Maria - fica feliz em saber que nasceu uma menina. Já tinha quatro “gurizes”. Finalmente havia a princesinha.
Dr. Roberto fez uma festa para centenas de convidados. Queria fazer só para uns três chegados, mas como era ano de eleição...
João corre a venda de Edgar e paga alguns martelos para os que ali estão. Talvez por uma felicidade sincera ou talvez por querer tomar uma canha mesmo, todos ficam felizes.
Na segunda-feira, Dr. Roberto, todo orgulhoso oferece um “quase” lauto café da manhã a seus empregados antes deles irem para a lida, e fala do nascimento de sua filha. João, faceiro que nem pato n’água diz que também nascera sua filha naquela mesma noite. Para mostrar ser uma pessoa muito generosa, Dr. Roberto em um impulso declara que a filha de João cursará o mesmo colégio de sua filha as sua expensas. Todos fazem festa como se a filha de João fossem suas filhas.
_ Meus amigos – fala o pai-patrão-candidato -... Gostaria de colocar as filhas e filhos de todos vocês nas melhores escolas, mas como sabem a vida anda dura!... Mas quem sabe, se eu me reeleger eu não possa fazer isso! – falou com uma falsa sinceridade.
Com o sonho de ter suas filhas em um bom colégio todos votam nele e Dr. Roberto se reelegeu por mais umas muitas vezes, mas nunca cumpriu o prometido. Apenas a filha de João teve essa sorte. Afinal, alguma coisa ele tinha de fazer, aquele povo matuto podia desconfiar de sua “bondade”.
As duas crescem juntas. Boas amigas. Mara – a Marinha como era conhecida a filha de Dr. Roberto – não é o que poderíamos dizer uma boa aluna, mas Luana, filha de João se destacava em todas as matérias.
Marinha teimou em entrar em um curso de música e queria com ela a amiga Luana. Mas lá naquelas grotas não havia escola de música. Dr. Roberto teve de mandar a filha estudar na capital e junto o “capricho” da filha: Luana.
Na capital Luana aprofundou-se nos estudos, enquanto Marinha levava uma vida de eternas festas. Luana só tinha ouvidos ao seu professor de piano e Marinha só ouvia os galanteios nos bares.
Eleição vai e eleição vem, vem junto o casamento de Marinha. Casa-se com Bernardo, filho de um grande arrozeiro da região que logo é lançado candidato a prefeito.
Como Bernardo – o jovem marido de Marinha - era o candidato do Dr. Roberto, não deu outra: ganhou com larga vantagem.
Após a diplomação na Câmara Municipal houve uma festa no casarão do Dr. Roberto.
Lá estavam as maiores cabeças da política juntamente com o pároco, o delegado, o juiz de paz e toda a velha nata da cidade.
Altas horas da noite, após os intermináveis discursos e adulações, Dr Roberto chama a filha, agora Primeira Dama para cantar.
Martinha chega-se próximo ao piano e diz:
_Antes de eu cantar, quero que vocês ouçam o piano maravilhoso de Luana. Luana que é uma maravilhosa instrumentista graças ao maravilhoso coração de meu pai! Depois cantarei com o acompanhamento dela!
Luana nunca havia tocado em público a não ser no conservatório, Mas foi magistral. Tocou impecavelmente a “Heróica” de Chopin, o “Imperador” de Beethoven e “Convite a Valsa” de Weber sem angariar um aplauso sequer. Marinha larga uma taça de champanha e posta-se em frente ao piano.
_Agora cantarei acompanhada de minha maninha Luana! – ouve-se aplausos. Uma tímida e envergonhada Luana começa a tocar ao piano uma ária de Verdi.
Marinha solta a voz. É um desastre.
Desafina, perde o ritmo, perde a voz, perde a noção do ridículo e canta de novo ao ouvir os insinceros pedidos de “mais um”.
Luana continua a tocar, segurando uma lágrima que teimava em tentar a cair pelo canto do olho.
Nessa noite ela percebeu realmente a diferença de ser alguém de talento em vez de ser a “Primeira Dama”.
Um comentário:
Putaqueopariu, com o perdão da expressão, Lalau!! ;)
Como pode escrever assim?
Acho que fala até de ti esse texto, porque não é possivelescrever assim e não ser descoberto ainda.
Um beijo, meu muso e divo!
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