Depois de impresso, reparo
que, embora cego, êste espelho
levanta uma sobrancelha
a apontar meu êrro claro
(Os espelhos sem reflexo
guardarão sempre algum brilho
para vírgula, ou cedilha
ou acento circunflexo...)
Como porém, cada dia
vai sendo a vidadiversa,
e, quanto mais fiel, o verso,
mais infiel, a ortografia,
pode ser que, brevemente,
o espelho, nessa moldura,
já não seja cego e impuro,
mas certo e clarividente...
Obra Poética - 1977
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