quarta-feira, outubro 28

Um de nós


É! você não sabe, mas agora já sei,
Porque nossa vida é essa calmaria.
É que mesmo sempre estando juntos
Já não somos pra nós uma boa companhia.

Não basta se estar juntos todo dia
Se não existe mais uma cumplicidade
Pois se em nada mais nos completamos
E juntos somos apenas nossa metade.

Se seu sorriso é sozinho
Seu pranto é incompreendido
Já deve ser hora de eu partir.

Melhor é viver de saudade
Talvez assim dessa maneira
Um de nós ainda possa sorrir.

terça-feira, outubro 27

inversão de papéis


Não cheguei a ler essa notícia: “Traficantes ajudam taxistas – ou moradores, não lembro bem – a prender assaltante”, apenas ouvi na chamada do “Jornal o Sul” pela tv.
Na hora lembrei da música “Acorda Amor” do Julinho da Adelaide – Leia-se Chico Buarque – onde o cara chama o ladrão para lhe ajudar quando percebe que a policia está no seu portão.
Que traficantes “cuidam” da população onde atuam quando falta o estado para o fazer, já não é nenhuma novidade. Mas agora parece que também estão fazendo o papel da policia! Claro que para preservarem os seus negócios!
É uma total inversão de papéis. Se continuar assim, logo veremos adolescentes presos porque tinham livros e cadernos escondidos no meio da droga ou, quem sabe a pessoa ser presa porque tem a nota fiscal do produto que esta carregando ou, ser preso porque pagou seus impostos ou, etc... etc...

sexta-feira, outubro 23

PONTA DO LÁPIS




Uma raridade
Compacto duplo de 1975. - para quem não tem no mínimo 35 anos eu explico: Lembram o LP, aquele famoso bolachão que existia antes do CD? Pois é! O compacto era igual, só que menorzinho, normalmente cabia só uma música de cada lado. Sim! tinha lado. Só não tente isso com o CD...



quinta-feira, outubro 22

Um pouco de alegria


Se eu tivesse ao que recorrer
Nessas noites frias de outono
Recorreria há um pouco de alegria
Para acabar com esse abandono.

Se eu soubesse fazer uma oração
Imploraria a todos os santos
Por um pouco de alegria
Para temperar os versos do meu canto.

quarta-feira, outubro 21

Finalmente havia chegado o dia.


Carlos está ansioso. Na última vez que olhou o relógio era cinco e trinta. Amanheceu e ele não conseguiu dormir um instante sequer. Finalmente havia chegado o dia.
Em sua cabeça, sua vida passava como se fosse um filme. Um filme triste mas que finalmente teria um final feliz!
Ele volta a um dia quente nos anos setenta. Uma viatura para em frente a sua casa. A mulher com uma cara de carrasco e dois policiais falam com sua mãe. De onde ele está não consegue escutar o que eles falam mas sabe que não é algo bom pois sua mãe cobre o rosto e chora. Assim que aquelas pessoas vão embora ele corre para a mãe que lhe fala entre soluços e gemidos que seu pai morrera em um atropelamento.
Os anos que se seguem não são muito fáceis para os dois. Carlos é obrigado a abandonar os estudos e trabalhar para ajudar a mãe a sustentar eles dois e seus irmãos. O dinheiro que ele consegue nos pequenos biscates é insuficiente para o sustento deles.
No começo dos anos oitenta Carlos é levado para uma “Casa Correcional para Menores Infratores” depois que foi preso por pequenos furtos. Lá na “Correcional” a vida fica pior ainda. Os funcionários os tratavam de forma desumana e a única ajuda que ele pode esperar era a de outros detentos.
Uma noite vem à fuga. Quase todos os adolescentes são pegos novamente mas Carlos consegue escapar. Muda-se de cidade e começa a viver de roubos e pequenos tráficos. Não ganhava muito mas era o suficiente para ir levando a vida.
Num final de semana Carlos vai a uma festa e conhece Tereza com quem tem um filho: Mateus. Carlos, agora um pai orgulhoso retorna a cidade natal para apresentar esposa e filho a sua mãe mas, fica sabendo que ela morreu, não se sabe lá do que, logo que ele havia sido levado para a Casa Correcional. Carlos sempre achou que foi de desgosto, mas nunca teve a certeza.
O tempo foi passando e chegou o ano em que o Brasil iria escolher o seu presidente depois de muitos anos de eleições indiretas. Para Carlos aquilo tudo não tinha importância alguma. Há muito ele havia esquecido o que era ser um cidadão. Tinha os seus iguais e seus códigos de condutas. A política em nada o interessava. Todos estavam indo as urnas e ele apenas esperava no local que fora combinado por um carregamento que ele havia acertado depois de guardar um bom dinheiro fruto de muitos roubos e vendas de drogas.
Na hora marcada o insuspeito carro lhe entregou a mercadoria e levou o pagamento. Agora ele iria ser grande no negócio. Não venderia mais para o “patrão” da boca, ele seria seu próprio chefe. E assim seria, não fosse o acerto entre a polícia e o “patrão”. Não teve tempo de vender uma só “trouxinha” e a polícia invadiu sua casa e o levou preso. O que mais doeu em Carlos foi ver o espantado Mateus - na época com doze anos – ver seu pai ser algemado e arrastado para dentro de um camburão.
Nos primeiros anos de cadeia Carlos recebia a visita regularmente de Tereza e Mateus. Carlos prometeu aos dois que quando saísse dali tudo seria diferente. Eles teriam uma vida descente e os dois poderiam sentir orgulho dele. Carlos procurou não se envolver em nenhuma confusão na prisão. Começou a aprender a ler e escrever com um pastor que lá ia atrás de ovelhas para seu rebanho.
Num dia de visita, Tereza veio sozinha e lhe falou que iria se casar com um “homem descente” – dessa vez de verdade, em igreja e tudo – e Mateus iria com ela e o novo marido para uma outra cidade. O já esculhambado mundo de Carlos desmoronou, mas com a ajuda do pastor e de outros crentes “residentes” da cadeia ele se ergueu.
Prometeu para si mesmo que terminaria os estudos que agora estava podendo ter na cadeia e guardaria cada centavo que ganhava nos trabalhos que desempenhava na prisão para quando sair dali e poder ir buscar seu filho: Talvez ele tivesse perdido uma mãe e uma esposa de desgosto, mas o filho não! Mateus veria que ele era uma pessoa mudada. Que era um homem descente assim como aquele que Tereza arranjou para colocar em seu lugar.
Não culpava Tereza! Ele é que fora culpado por não agir direito. Desejava que ela fosse feliz com seu “homem descente”, ele agora só pensava em sair e reencontrar o filho.
Os dias foram passando lentamente até que Carlos não conseguiu dormir a noite toda de tão ansioso por haver finalmente chegado o dia.
Carlos foi ao refeitório para o seu último café da manhã na prisão. Não sentiu gosto algum naquele café horrível que era-lhe servido todos os dias durante os últimos longos anos de prisão. Despediu-se dos poucos amigos que fizera ali dentro, principalmente do pastor Roberto.
Era dez horas quando vieram buscar-lhe na sala de triagem. Deu um desinteressado aperto de mão no cínico diretor que falava para ele e mais dois detentos que ganhavam junto com ele a tão sonhada liberdade naquela manhã : _ Espero não velos mais por aqui senhores, as acomodações são poucas! Como podem ver, sai três e entra doze no lugar! – apontava com seu gordo dedo para uma janela gradeada por onde se podia ver um pátio ao lado. O mesmo pátio que recebera Carlos anos atrás.
É meus senhores – continuava o discurso – isso aqui é um inferno e como existem muitos diabos como vocês, isso não acaba nunca! – Carlos aproximou-se da janela e viu os dois camburões que “despejava” doze novos detentos.
Carlos estava prestes a ganhar a liberdade mas preferiria morrer a não ter visto o que viu. Entre os doze infelizes que chegavam para ficar em seu lugar naquele odioso inferno, haviam um jovem que em muito se parecia com ele, e Carlos não tinha dúvida quem era esse jovem que ali chegava algemado, Era, o motivo pelo qual decidira ter uma nova vida, era o seu tão querido filho Mateus.

quinta-feira, outubro 8

Os homens deveriam


Os homens deveriam ser mudos
Não falariam mentiras
Não criariam intrigas
Não caluniariam.

Os homens deveriam ser surdos
Não escutariam maus conselhos
Não dariam ouvidos ao ódio
A ganância, a ira, a inveja...

Os homens não deveriam sentir
Medo de dizer a verdade
Não sentiriam a inveja
O abandono, o frio, a fome...

Os homens deveriam ser cegos
Não desviariam seus olhares
E dariam sem medo as mãos
Sem verem a cor do outro.

Os homens deveriam
Falar
Ouvir
Sentir
Ver
O que deveriam.

quarta-feira, outubro 7

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades - 10


Ele não leu nenhum livro que a professora mandou ele ler. Mas entregou um trabalho que baixou na internet e a professora fez de conta que ele o fez, porque ela fez de conta que recebeu por um trabalho que ela fez de conta que fez e o estado fez de conta que a pagou por um trabalho que ninguém fez.
Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa.)

terça-feira, outubro 6

Yeda a tresloucada


Em entrevista ao Roda-Viva da TVCultura, a Governadora Yeda, tresloucada divagou tanto que os telespectadores pediram para ela ser objetiva e dar nomes aos bois. As respostas eram tão absurdas que os entrevistadores faziam caras que demonstravam que não estavam entendendo nada e muitas vezes fazia as perguntas com um sorriso, já esperando outra divagação por parte da governadora.
Entre as maluquices, Yeda alega ser tudo um “disse-me-disse”, pois existem um “mercado de escândalos” midiático e que ela se sente num Big Brother.
Em sua megalomania comparou-se a Flores da Cunha.
Em um outro momento falou que o estado esta bem financeiramente e que investidores vem pessoalmente lhe perguntar se é seguro investir no estado, como se as coisa funcionassem assim tão simples.
Sobre o fato de 60% dos gaúchos apoiarem o pedido de impeachment, ela divagou alegando que eles não querem o impeachment, mas apenas apóiam o processo. Só não entendi o que foi que ela bebeu!
Sua atuação foi tão burlesca que Caruso fez uma charge em que aparece um gaúcho pilchado falando - Mas báh! E o próximo presidente pode ser uma mulher!

segunda-feira, outubro 5

La Negra



Faleceu "La Negra", Mercedes Sosa que estava internada desde 18 de setembro.
Uma das mais importantes vozes da America Latina e combatente dos regimes totalitários deixa um vácuo na música de protesto e resistência.

sexta-feira, outubro 2

Boemia


Eu adoro a noite. Só não sou guarda noturno porque ai não poderia aproveitar as coisas boas da noite.
Mas o que eu queria dizer é que tem algumas pessoas que não entendem a boemia. Essas pessoas confundem muito a boemia com o alcolismo.
Mas não é obrigatório usar álcool ou qualquer outra droga que seja. O boêmio apenas tem de ser um embriagado. Pode ser embriagado pela música, pelas boas histórias, pelas mulheres, pelas filosofias de boteco, sei lá! Alguma embriaguez tem de haver, porque boemia não combina com cara amarrada, mau humor, conversa sobre trabalho. A noite tem de ser alegre. Palavras tristes só nas letras das músicas de dor de cotovelo ou então no desabafo do boêmio.
A boemia é aquela eterna namorada que não casa de jeito nenhum, porque se casar estraga. Porque o casamento requer certas responsabilidades e o boêmio não pode ser muito responsável, apenas o suficiente para voltar pra casa são – ou não muito - e salvo,- não necessariamente para a sua própria casa – e estar de prontidão para mais uma noitada.
A boemia requer um pouco de devoção. O boêmio tem de ser guerreiro para virar a noite e enfrentar o dia como se tivesse descansado como todo mundo.
Afinal de contas ser boêmio é um estilo de vida.
Ou para alguns – entre os quais eu me encontro -: É a vida

quinta-feira, outubro 1

URGENTE

Troco dois Tamiflus e oito frascos de álcool gél por um guarda-chuvas e uma galocha.

Atenção Lapa! Atenção Rio

Atenção Lapa! Atenção Rio!
Está aí pelas suas ruas e bares esse cara. Prestem atenção nele!
Ele já deixou minha cidade orfã de música, a próxima pode ser a de vocês!
O cara é bom mesmo...