quinta-feira, maio 28

Assim!


Se amanheceu, não ligue continue assim
Não abra os olhos fique quietinha assim.
O calor de suas costas em meu peito
Não sei explicar, mas é tão bom assim.

Se o dia nos chamar, fique quieta assim
Não ouse levantar a coberta, fique assim.
Deixe o mundo seguir o seu maluco curso
Apenas esfregue-se em mim assim...assim...

Fizemos planos em dias difíceis
Passamos por momentos muitos ruins!
Agora apenas vamos ficar assim.

Se o tempo de espera não nos separou
Se não venceram e não tivemos medo
Agora que vencemos: Vamos apenas ser assim!

quarta-feira, maio 27

Teu nome


Dar-te-ei
O nome de chuva
E tu vais molhar meus cabelos
Escorrer pelo meu corpo
Fazendo poças para refletir
A lua.

Dar-te-ei
O nome de sol
E secarás os meus cabelos
Dourarás meu corpo
E florecerás as tabebuias
Das ruas.

Dar-te-ei
O nome de brisa
E revolverás meus cabelos
Arrepiarás os meus pelos
E eriçarás teus bicos dos seios
Ao ficares nua.

Dar-te-ei
O nome de mulher
E serás somente minha.

segunda-feira, maio 25

Cativo olhar


Tentei cativar teus olhos
E acabei por fim cativo
Em tua retina
Em teu olhar.

Desenhei em meus olhos
Com mil cores e matizes
Para nunca esquecer
A tua colorida íris.

Suspirei em tua boca
Os meus estertores
Numa febre tão louca
Ao morrer de amores.

Viver, sonhar
Revés, esperar
Isso é só mendigar
Ver você pra mim voltar.

sexta-feira, maio 22

Fugindo para teus braços


Tentei fazer algo diferente nessa nova vida
Viver de festas, ser mestre da noite, da orgia.
Tive uma felicidade sedutora e passageira
Mas percebi que não era isso que queria.

Queimei as economias que a custo guardei
Conquistei corações que nem ao menos queria.
Me joguei intrépido em mil e uma aventuras
Sem perceber que a cada gesto eu só fugia.

Finalmente tive de enfrentar a nós mesmos
Errar acertos e acertar os enganos
Percebendo o quanto causei de dor.

Corri, fugindo espantado de teus olhos
Para o único lugar que me sinto seguro:
Para a segurança dos braços de meu amor.

segunda-feira, maio 18

Sombras do que era


Surge o sol, clareia o dia
Abro os olhos, ao sol dou bom dia
Ponho a chaleira no tripé
É chegada a hora do café.

Busco a água lá do poço
Lavo as mãos, lavo o rosto
Ponho a pilcha de todo dia
Mas não era isso que queria.

Preferia agora um amargo
Mas o dinheiro anda curto
Vou carregando o meu fardo
Do trabalho não me furto.

Preparo a carroça
Não tem cincha nem tem buçal
Vivo magro como o gado
Que a muito não vê sal.

Não tenho mais cavalo
A carroça eu traciono
Hoje sou burro de carga
Ontem era um colono.

Vivo hoje na cidade
E ninguém liga quando eu falo
Que faço hoje o que fazia
Ontem o meu cavalo.

Puxo hoje uma carroça
Como os escravos uma liteira
Busco o meu ganha pão
De dentro de uma lixeira.

Por isso fico brabo e cabreiro
Quando alguém me diz:
Que é um bando de vagabundos
Esse povo brasileiro.

sábado, maio 16


Guevara me surgiu num sonho – será que era sonho? -.
Me falou que estava deprimido
Onde estava o novo homem? quis saber
Não sei!
Se existe eu ainda não havia conhecido.

sexta-feira, maio 15

Pesadelos e Sonhos


O que teus olhos tem de perigo
Deve ser a castanha cor
Mas servem também de abrigo
Pra guardar o meu amor.

Basta ver teu cabelo cacheado
Pro meu sexo ficar em prontidão
Mas não tendo você ao meu lado
Só me resta a solidão.

Brinco com velas e caravelas
É fogo em alto mar
É vento pra mim voar.

Brinco de som e sonhos
Pesadelos ao deitar
É você pra mim sonhar.

quinta-feira, maio 14


Duas da madrugada, Adelaide - esposa do Dr. Roberto -, de pernas abertas em frente ao Dr.Eurico, está parindo seu primeiro filho. Ou melhor, sua primeira.
Neste mesmo momento, Maria, também de pernas na mesma posição espera o seu quinto. Não tem os conhecimentos e as mesmas condições de sua patroa. Tem Severa, a parteira do bairro para ajudar a vir ao mundo mais uma das tantas que irão sofrer a má sorte de nascer, como a maioria das pessoas que trabalham para o Dr. Roberto.
Duas e vinte vem a furo – como costumam dizer – as duas crianças.
Dr. Roberto não fica triste, mas desejava um menino. João –marido de Maria - fica feliz em saber que nasceu uma menina. Já tinha quatro “gurizes”. Finalmente havia a princesinha.
Dr. Roberto fez uma festa para centenas de convidados. Queria fazer só para uns três chegados, mas como era ano de eleição...
João corre a venda de Edgar e paga alguns martelos para os que ali estão. Talvez por uma felicidade sincera ou talvez por querer tomar uma canha mesmo, todos ficam felizes.
Na segunda-feira, Dr. Roberto, todo orgulhoso oferece um “quase” lauto café da manhã a seus empregados antes deles irem para a lida, e fala do nascimento de sua filha. João, faceiro que nem pato n’água diz que também nascera sua filha naquela mesma noite. Para mostrar ser uma pessoa muito generosa, Dr. Roberto em um impulso declara que a filha de João cursará o mesmo colégio de sua filha as sua expensas. Todos fazem festa como se a filha de João fossem suas filhas.
_ Meus amigos – fala o pai-patrão-candidato -... Gostaria de colocar as filhas e filhos de todos vocês nas melhores escolas, mas como sabem a vida anda dura!... Mas quem sabe, se eu me reeleger eu não possa fazer isso! – falou com uma falsa sinceridade.
Com o sonho de ter suas filhas em um bom colégio todos votam nele e Dr. Roberto se reelegeu por mais umas muitas vezes, mas nunca cumpriu o prometido. Apenas a filha de João teve essa sorte. Afinal, alguma coisa ele tinha de fazer, aquele povo matuto podia desconfiar de sua “bondade”.
As duas crescem juntas. Boas amigas. Mara – a Marinha como era conhecida a filha de Dr. Roberto – não é o que poderíamos dizer uma boa aluna, mas Luana, filha de João se destacava em todas as matérias.
Marinha teimou em entrar em um curso de música e queria com ela a amiga Luana. Mas lá naquelas grotas não havia escola de música. Dr. Roberto teve de mandar a filha estudar na capital e junto o “capricho” da filha: Luana.
Na capital Luana aprofundou-se nos estudos, enquanto Marinha levava uma vida de eternas festas. Luana só tinha ouvidos ao seu professor de piano e Marinha só ouvia os galanteios nos bares.
Eleição vai e eleição vem, vem junto o casamento de Marinha. Casa-se com Bernardo, filho de um grande arrozeiro da região que logo é lançado candidato a prefeito.
Como Bernardo – o jovem marido de Marinha - era o candidato do Dr. Roberto, não deu outra: ganhou com larga vantagem.
Após a diplomação na Câmara Municipal houve uma festa no casarão do Dr. Roberto.
Lá estavam as maiores cabeças da política juntamente com o pároco, o delegado, o juiz de paz e toda a velha nata da cidade.
Altas horas da noite, após os intermináveis discursos e adulações, Dr Roberto chama a filha, agora Primeira Dama para cantar.
Martinha chega-se próximo ao piano e diz:
_Antes de eu cantar, quero que vocês ouçam o piano maravilhoso de Luana. Luana que é uma maravilhosa instrumentista graças ao maravilhoso coração de meu pai! Depois cantarei com o acompanhamento dela!
Luana nunca havia tocado em público a não ser no conservatório, Mas foi magistral. Tocou impecavelmente a “Heróica” de Chopin, o “Imperador” de Beethoven e “Convite a Valsa” de Weber sem angariar um aplauso sequer. Marinha larga uma taça de champanha e posta-se em frente ao piano.
_Agora cantarei acompanhada de minha maninha Luana! – ouve-se aplausos. Uma tímida e envergonhada Luana começa a tocar ao piano uma ária de Verdi.
Marinha solta a voz. É um desastre.
Desafina, perde o ritmo, perde a voz, perde a noção do ridículo e canta de novo ao ouvir os insinceros pedidos de “mais um”.
Luana continua a tocar, segurando uma lágrima que teimava em tentar a cair pelo canto do olho.
Nessa noite ela percebeu realmente a diferença de ser alguém de talento em vez de ser a “Primeira Dama”.

terça-feira, maio 12

Mate Lavado


Este mate lavado que tomo em bomba alheia
Não é por amizade, respeito ou bondade.
É simplesmente para não ter de responder
Com sinceridade o que penso!

Se atiço o tição de qualquer fogueira
É porque quero sempre a verdade
Ninguém me manda enquanto puder me prover
E qualquer mentira com minha verdade eu venço.

Esta canha amarga que não tomo mais
Não é por balda, luxo ou fingimento
É porque não engulo esperar quieto a morte
E não bato com pelica e sim com ferro.

Se quebro queixos de potros a puxar buçais
É porque não respeito mais lamentos
Prefiro o tombo a ficar a lento trote
A morte o silêncio, ao vivo o berro.

segunda-feira, maio 11

Poderia eu dizer que um dia


Poderia eu dizer que um dia, eu e alguém que amava vimos luzes de aviões que teimavam em não se comportar como luzes de aviões?
Poderia eu dizer que um dia, eu e alguém que amava vimos algo que não deveríamos ter vistos?
Poderia dizer eu que um dia voltando para casa com amigos vimos o famoso fogo-fátuo?
Poderia dizer eu que um dia vi alguém baixar o santo em minha frente e dizer coisas que somente eu podia saber?
Poderia dizer eu que um dia, em minha cozinha, vi e conversei com meu avô que ha meses havia morrido?
Poderia dizer eu que um dia, pegando atalho vi uma criatura com formas inumanas?
Poderia dizer eu que um dia conheci uma pessoa que sabia que alguém havia morrido naquele momento, antes mesmo de chegar a triste noticia?
Pois é! E tem pessoas que nunca viram uma estrela cadente.
Basta olhar pra cima!
Se ficar de olhos fechados nunca vai ver o que existe!
E muito menos o que não existe!

domingo, maio 10


Entrei no bar e os nossos olhos se cruzaram. Os dela fugiram tão logo fitaram os meus.
A reconheci mas não lembro de onde. Mas seu rosto estava guardado entre os outros que conheço.
Poderia perguntar seu nome. Seria já um começo, mas não fiz! Ela estava acompanhada por um cara que não fez cara de bons amigos quando percebeu a cumplicidade de nossos olhares.
Sem saber muito o que fazer fui ao banheiro. Imundo como sempre. Não sei como pessoas que se dizem civilizadas conseguem fazer tanta sujeira.
Quando saio do meio daquela “sujeirada” olho pra mesa em que está a simpática estranha e seu olhar foge novamente.
Passo pela mesa deles e só o olhar do cara não me evita. Descido deixar eles pra lá.
Encontro uma mesa com várias faces conhecidas. Me sento junto a estas conhecidas mas, o rosto dela não sai de minha cabeça.
Sei que a conheço mas não consigo lembrar de onde, seria de uma noitada com muito álcool ou apenas um engano?
Penso em outros rostos, mas o dela fica no primeiro plano.
Entro numa conversa animada sobre contos virtuais com uma amiga escritora que promete estourar no mercado com seu primeiro livro, e quando menos espero, como sempre acontece vêm a memória de onde a conheço e só então percebo porque ela tenta evitar-me.
É ela! A mulher que evita meus olhos naquela mesa é a namorada de minha melhor amiga.
Peço a conta e para evitar maiores constrangimentos vou embora com a dúvida: Devo falar para minha amiga o que vi ou não?

quinta-feira, maio 7

Voto em lista


O voto em lista fechada fortalece os partidos, mas é um golpe no direito do eleitor que não pode mais votar no candidato que deseja.
Além é claro, de desestimular novos e menos conhecidos militantes de se lançarem candidatos, pois sem dúvida, quase sempre ficarão em uma colocação pouco privilegiada na tal lista pois, os partidos é que escolherão em que local da lista o candidato vai figurar. E num sistema político onde ainda existe – e muito forte -os caciques e coronéis, a lista vai servir para perpetuar uma casta no poder.
Acho que também vai aumentar o número de votos nulos e brancos, pois quando um eleitor que quer votar no candidato X que está na décima posição - por exemplo - na lista, não terá interesse em votar pois, saberá que dificilmente coseguirá eleger X, mas com seu voto elegerá Y, Z, W..., que são candidatos que ele não tem interesse de eleger ou talvez nem confie neles.
E convenhamos, que disposição para campanha vai ter os candidatos que estiverem no final da lista?

segunda-feira, maio 4


Convenhamos que não era para tanto!
Eu posso esperar que a água do copo venha a ser entornada mas uma tempestade também já é demais.
Se nem Edmond Dantes entrou em parafuso pelos anos em que ficou só?
Nem os beduínos que estão uma vida inteirinha a sós no deserto não cometem tamanha loucura.
Pergunte para Defoe se ele criou Sexta-Feira porque Robinson Crusoé estava para entrar em uma crise?
É bem verdade que uma andorinha só não faz verão. Mas você não é uma andorinha.
Uma andorinha voa, você não! caso contrario não teria acontecido o que sucedeu.
É... Você sempre foi meio chegada a uma ceninha, sempre querendo chamar atenção.
Só faltou levantar-se quando formou-se aquele surpreso grupo em sua volta e pedir moedas pela sua bela atuação.
Ora! Quantos “adeus” já foram dados nesse mundo?
Precisava tanto?
Podia pelo menos pular no meio da madrugada para não atrapalhar o trânsito...

Puxa vida... e justamente num sábado de sol!


“GRIPE SUÍNA NÃO É NADA, O BRABO É O ESPIRITO DE PORCO DE ALGUNS QUE EU CONHEÇO”