sexta-feira, março 19

FELIZ ANIVERSÁRIO - 2


Saiu meio tonto pela ação da fumaça dos cigarros e deu de cara com Rafael.
_Fala chefia! Já “rumei” duas das boas aqui pra nós! – e empurrou uma morena em sua direção. Ela o enlaçou pela cintura mostrando seu sorriso forçado, careado e libidinoso.
_Vou só tomar uma cerveja sozinho por enquanto.
_Deixa de frescura doutor, aqui todo mundo é igual. Como dizia aquela ministra: relaxa e gosa! – falou Rafael puxando uma falsa loira para dançar um bolero muito mal tocado pela banda da casa.
Sentou-se num canto e ficou a observar aquele ambiente estranho para ele.
Várias mulheres o olhavam e ele fugia o olhar até que tudo ficou totalmente escuro. Ele pensou que havia faltado a luz. Mas umas luzes coloridas começaram a pipocar sobre um pequeno e baixo palco e surgiu uma deusa em forma de mulher. O bolero calou e rompeu outra música. A deusa em forma de mulher e vestida de biquíni começou a dançar e todos ficaram como que hipnotizados.
Ela foi perfeita. A cada movimento da música, ela fazia movimentos com o corpo que faziam excitar e relaxar certas partes de seu corpo e ir a loucura.
A música parou e ele percebeu que ela estava sem o biquíni. Foi algo tão surpreendente que ele nem concatenava direito. Nem percebera que durante a música e a dança a deusa ia tirando as poucas peças de roupas que a cobria.
Seu olhar estava preso no rosto dela. Aquele rosto o lembrava de Vera, seu primeiro amor. Amor platônico era verdade. Mas um amor que ele nunca esqueceu.
O show terminou e a dublê de “Vera” junto. A cerveja acabou. Veio um garçom e lhe serviu outra.
_Por favor! – perguntou -. Quem é essa mulher que se apresentou?
_A Soráia? Essa do strip é a Soráia! Por que? Quer ela? Eu chamo!
_Sim! Por favor! – pediu sem saber o que estava dizendo. O garçom foi em direção à copa e entrou na mesma porta que a dançarina entrou.
A strip-Soráia-vera tanto faz, veio em um vestido curto e vermelho completado por uma sandália alta preta.
_Oi! Sou Soráia... – foi logo sentando-se ao lado dele -. Colou seu corpo ao dele e sentiu um tremido. Acostumada com todo tipo de homem nem ligou.
_Oi!... – Ficou sem saber o que dizer.
_Paga uma dose pra mim amor? – ele maquinalmente disse algo que parecia ser sim e o mesmo garçom serviu um pequeno cálice de algo que parecia ser Martine.
_Teu nome? – perguntou ela ao ver que ele nada falava.
_André! – balbuciou timidamente.
_Soráia. – repetiu fazendo de conta que estava gostando do drinque que entornava.
_Vera!... Teu nome é Vera! – cuspiu sem pensar.
_Não!... Soráia! – largou a taça na mesa olhando-o.
_Quer que eu seja Vera? Posso ser!
Ele secou o copo de cerveja e ficou olhando para o outro lado.
_Amor!... Diga o que “tu quer” e eu serei! – falou ela colando mais o corpo no dele.
Ele ficou quieto por um tempo olhando para o outro lado. Por fim teve coragem e fitou-a nos olhos.
_Tu é a Vera!
Soráia ficou muda por um tempo. Tempo suficiente para correr pelo seu passado. Tempo em que era adolescente e namorava os meninos mais espertos e desdenhava os mais quietos. Como por exemplo, o André, que ela sempre soube que era apaixonado por ela mas que não tinha pai rico, nem um futuro promissor e muito menos era ousado a ponto de seduzir a menina em seu sonho juvenil.
_Sim! Sou quem você quiser, ou o que você quiser! Basta pagar!
Ele pensou em tomar mais uma, mas apenas perguntou:
_Você não é a Vera que eu sempre amei?
_Meu nome é Soráia! – os olhos dela afirmavam que era mentira.
_Ok!...Desculpa então – os olhos dele afirmavam que era mentira.
Ele tomou mais umas duas cervejas. Procurou Rafael e soube que o moleque havia saído com uma das meninas. Uma tal Soráia...
Pagou a conta. Soube que foi roubado mas não ligou. No caminho de casa parou em um boteco e comeu um dog e tomou mais duas.
Deixou o carro não sabe se por querer ou por efeito do trago. Foi a pé e no caminho para casa foi abordado por uma menina de uns quinze anos que queria trocar um “boquete” por cinco pilas para comprar uma pedra. Bêbado como estava aceitou. Foi para um canto escuro e quando olhou para baixo e viu a menina de joelhos lembrou de suas filhas e da esposa.
Não se permitiu a tal crime e deu os cinco pilas mesmo sem o ‘serviço”,
Pensou em chegar em casa. Tomar um banho. E dormir para esperar a esposa voltar no outro dia, juntamente com suas queridas filhas.
Abriu a porta. A luz já estava acesa.
Sua esposa estava sentada no sofá da sala.
Olhou o relógio na parede. Quase seis da manhã.
_Bom dia André! Seus amigos e familiares cansaram de te esperar para a sua festa surpresa e foram embora!
_hã!...
_Fique agora com o sofá da sala...Uma boa noite!

3 comentários:

Humberto Orcy da Silva disse...

Meu camarada, desculpe o esquecimento, mas tú me conhece, se não me lembrar, esqueço até o aniversário do meu filho. Abração, Feliz Aniversário.
Te considero o melhor e mais autêntico de todos os amigos.
Muitos anos mais de felicidade.

Anônimo disse...

Olá, Fialho! Obrigado por ter acessado o "Tango" e pelo comentário generoso que deixou. Vejo que vc tb aprecia contos, tem gosto pela poesia e prosa. Bom isso. Obrigado tb pela inclusão do link. Meu conhecimento de tecnologia é elementar, ainda não suficiente para agregar novidades, como o "siga-me", até pq os visitantes são raríssimos...hehehe.
De qualquer forma, renovo o obrigado.
Abraços!
Elvio Rocha

Bárbara disse...

Nossa, lalau!
Tá com tudo!
Foi genial essa! O final incrível!!!
Ai,
um dia me aventuro pelo mundo dos contos desse jeito!
Coisa mais lindaaaaaaaaaaaaa!!!
Tu é demais, lalau!
Beijos mil!
A-do-rei!