quarta-feira, novembro 11

ESQUECIMENTO


Estava lendo sobre o último filme de Rodrigo Santoro – “I love you, Philip Morris” com Jim Carrey - e lembrei de comentários ditos por várias pessoas, inclusive por “formadores de opinião” que ridicularizavam Santoro por sua atuação em “As panteras”, pelo fato de seu personagem não ter um diálogo sequer.
Talvez agora, ao lado de um ator mundialmente famoso e principalmente sendo um ator norte-americano – ou americano, como costumamos dizer, como se não morássemos no continente americano – as pessoas comecem a sentir orgulho por terem um ator brasileiro atuando no mercado cinematográfico mais famoso do mundo.
Tá!... Mas onde entra o esquecimento nisso tudo?
É que parei para pensar: qual foi o último artista brasileiro que havia atuado no cinema norte-americano, e fui perceber que foi Carmem Miranda. E sem dúvida ela esta esquecida por uma grande maioria de brasileiros. Muitos nem sequer sabem quem foi, ou que apesar dela ser um orgulho nacional – para alguns - , na realidade – de nascimento - era portuguesa e não brasileira.
Aí acabei me envergonhando, pois só enquanto lamentava o esquecimento da Pequena Notável – como era chamada Carmem – é que fui lembrar de Sônia Braga, que exatamente quando estava “bombando” no Brasil, foi tentar uma carreira internacional nos Estados Unidos.
Lá, Sônia Braga fez muitas pontas em seriados de tv e no cinema. Fez também filmes em que não era coadjuvante e, é bem verdade que por aqui pouco ou quase nada se ficou sabendo. Eu por exemplo só vi um filme em que ela faz uma famosa ex-prostituta que havia tornado-se fazendeira e uma participação dela em um seriado de humor que não lembro o título.
Mas será que não esqueci de outros? Talvez haja outros que esqueci. Nós nos esquecemos facilmente de muitos e de muitas coisas, e isso é ruim.
Mas o que seria do homem se não tivesse o “dom” do esquecimento?
Às vezes, amigos ou familiares muito chegados tem de separarem-se. Nos primeiros dias a saudade é muito grande, mas com o tempo ela vai-se amainando até cair no quase ou total esquecimento.
O que seriam dos finais de relacionamentos amorosos se não tivéssemos como esquecer a pessoa (ex)amada? Viveríamos infelizes pelo resto da vida e não haveria a possibilidade de nos apaixonarmos por outras pessoas.
O que dizer da morte de pessoas queridas então? Como levaríamos nossas vidas se não esquecêssemos em nenhum momento a falta que nossas perdas nos fazem?
Claro que não esquecemos totalmente, mas podemos, digamos assim, abstrair destas lembranças para podermos continuar a levar nossas vidas.

Um comentário:

Bárbara disse...

-Oh yeah baby!
Com uma correção: Aqui no Rio Carmen é ovacionada até hoje...inclusive já que este ano ela faria 100 anos, tem um espetaculo "Carmen Miranda, o it brasileiro".
E graças a deus existe o esquecimento!
Como tu disse, as vezes a gente não esquece...mas chaveia dentro de uma gaveta no cérebro, né?
Adorei teu post!
Bjos!