sexta-feira, outubro 29

OVO PARTIDO


Cardoso quando soube que Lígia estava grávida teve a certeza que o dia em que ela desse a luz seria o dia mais feliz de sua vida. Para ele até então o dia de seu casamento fora o dia mais feliz de sua vida, mas agora haveria outro melhor ainda. Sempre que ele olhava a intumescência do ventre de Lígia ele tinha essa certeza.
Ele nunca fizera alguma alusão daquele ventre com algo, mas no dia em que teve a noticia que o feto estava em uma posição que dificilmente possibilitaria um parto normal começou a velo como a um ovo. Um ovo que é partido ao meio para liberar a clara e a gema. Era uma imagem que não o agradava, mas que não saía de sua cabeça. Via aquela barriga como um ovo que era fendido com uma leve pancada de uma colher em cutelo e após era aberto por dois dedos estranhos que o separava em duas partes e deixava escorrer aquilo que um dia poderia vir a ser uma vida, não fosse a agressão sofrida.
Pensou até em análise para deixar de pensar naquilo, mas com o tempo acostumou-se. Barriga ou ovo tanto fazia: dali sairia sua filhinha e seria o dia mais feliz de sua vida.
Chegado o esperado dia, fumou uma carteira de Marlboro Lights, apesar de já ter largado do vício há mais de seis anos. - Achava que aquilo era o que um pai fresco deveria fazer para acalmar a espera -.
Passada uma hora e pouco, vieram informar que sua pequenina havia nascido. Ficou naquele momento o homem mais feliz do mundo. Gastou todos o créditos de seu celular a avisar a todos a boa nova. Até para seu irmão Pedro, com quem estava brigado a mais de dois anos ligou.
Levaram-no para ver a pequena Marta – nome que ela iria herdar da mãe dele – e chorou copiosamente com ela nos braços. Quis ver a esposa. Nesse momento descobriu que o dia mais feliz de sua vida na verdade não o seria. Ligia havia perecido na mesa de parto. Martinha havia dado muito trabalho e mesmo a maravilhosa e cara tecnologia não fora suficiente para garantir a vida da mãe, somente da filha. O dia mais feliz de sua vida, havia tornado-se um dia sombrio. Nuvens negras, não apenas metafóricas, mas de verdade cobriram o céu. Choveu muito no dia que seria o dia mais feliz da vida de Cardoso.
Passados velório, enterro e dias de muita chuva e choro, Cardoso estabeleceu-se em casa nova. Não conseguia viver embaixo do teto em que fora feliz.
Os anos passaram e Martinha foi crescendo. Cardoso com a ajuda de uma babá cuidou para que sua filha tivesse uma vida digna e feliz apesar de não ter a presença de uma mãe. A babá chegava cedo da manhã e Cardoso ia para o banco trabalhar, quando voltava entristecido para casa, ficava somente ele e a pequenina.
No dia em que ela completou seis anos deu uma festa com a presença de todos familiares e amigos. Até o irmão Pedro esteve presente.
Fim da tarde, com todos os convidados tendo ido embora, começou a limpar a casa que estava de ponta cabeça devido à bagunça da festa. Recolheu brinquedos, cinzeiros sujos, restos de docinhos e salgadinhos, copos e pratinhos. Lavou o que estava sujo e guardou tudo em seus respectivos lugares.
Após tudo pronto, dispensou a babá e sentou-se para fumar um merecido cigarro – desde o dia que Lígia morrera voltou a fumar com uma voracidade que parecia ser para compensar os seis anos sem fumo -.
O cigarro chamou uma dose de uísque. Serviu sem cerimônia. Voltou a sentar-se para mais um cigarro. Martinha que brincava com uma bola nova, recém ganha de uma tia acertou o copo ainda cheio de bebida que rolou sobre a mesa de centro molhando um jornal ainda não lido e a carteira quase cheia de cigarros. Cardoso pulou em vão tentando evitar o desastre.
A pequena Marta assustou-se com o movimento desesperado do pai e começou a chorar. Cardoso de joelhos no chão ao ver o jornal e os cigarros molhados virou-se abruptamente e gritou para sua filha calar a boca.
_ Chega!
O grito causou o efeito contrário. Assustada a menina chorou ainda mais. O jornal e os cigarros molhados, somados ao estridente choro e soluçar tirou o resto de paciência que habitava a cansada e confusa cabeça do pai. Levantou-se com um grito de “chega” e puxou a pequena pelo pulso. Com uma mão a prendia e com a outra dava violentas palmadas nas pernas e nádegas com o acompanhamento de novos “chega”.
Cansados, o pai parou de bater ao ver a pele branca maculada por manchas avermelhadas e a filha, parou de chorar ao ver os olhos vermelhos e insanos do agressor.
Pegou-a no colo e correu até o quarto da menina. Soltou-a sobre a cama e como um cego e louco mandou-a dormir. Saiu e bateu a porta. Estancou com as costas arfantes contra a porta recém fechada. Correu para a sala e jogou-se no sofá.
Chorou! Chorou talvez mais que a própria filha havia chorado, tentando buscar no fundo do cérebro ou do peito a resposta para a pergunta que lhe atormentava: Chorava porque havia batido na pequena Marta ou porque creditava a ela a morte de Lígia?
Algo estava partido! Algo estava entre eles fendido como se fosse uma casca de ovo.
Tentou em vão lembrar da barriga de Lígia, mas só veio-lhe a memória a maldita imagem de um ovo . Um ovo partido.

quinta-feira, outubro 28

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades . 21


Após uns quatro ou cinco dias sem ir ao bar por não ter um “pila” sequer para uma cerveja ele aparecia. Se algum amigo de copo perguntava o motivo de sua ausência ele aproveitava para contar vantagens dizendo que estava aqueles dias todos transando com uma garota. Estranho é que essas garotas ninguém conhecia.
Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa

sexta-feira, outubro 22

RE-POSTAGEM 5 ou sem tempo e/ou preguiça e/ou inspiração



Postado em Junho de 2008
Santiago dá um pulo. Não tão alto como o grito que seus trêmulos lábios regurgitam, mas é um pulo suficiente para assustar alguém, se houvesse alguém em seu quarto àquela hora, o que seria improvável, pois desde que Celeste o abandonou há três anos, mais ninguém a não ser o próprio Santiago, transpôs a porta principal daquele apartamento.
A cabeça lateja, dói muito. Onde estou? , é a primeira pergunta que vem a cabeça dolorida do assustado e confuso Santiago. Um abajur com motivos japoneses e a cortina improvisada com uma velha manta azul marinho o reconduz a realidade. Está em seu quarto, em sua cama. Tudo fica familiar, menos o suor no corpo e nos lençóis.
O suor escorre pelo rosto assustado de Santiago. O colarinho do surrado pijama está colado ao pescoço. Gotas de suor percorrem suas costas como se fossem pequeninos insetos fugindo em direção ao encharcado lençol.
É julho. O inverno este ano está rigoroso. Ele não deveria estar suando daquela maneira. Mas também com um sonho tão real como aquele... Santiago sentia ainda um pouco de sono, o dia fora cansativo, mas não tinha coragem de voltar a dormir – vai que o pesadelo volte! Pensou Santiago - . Dali a pouco começará a amanhecer. O melhor que pode fazer é tomar uma ducha e um bom café preto com torradas.
Jogou as pesadas cobertas no chão. Ele parecia uma criança mijada com as calças do pijama ensopadas. Um banho...Preciso de um banho!
Entrou no banheiro e foi logo abrindo o chuveiro. Jogou o pijama molhado em um canto e ficou por um longo e reconfortante tempo recebendo a água quente na nuca. Aos poucos a dor de cabeça o deixou.
Está de olhos fechados, mas mesmo no negror das pálpebras cerradas, ele percebe – ou imagina perceber – uma sombra passar pelos peixinhos azuis estampados na cortina plástica do box.
Sem pensar em nada, apenas agindo com o mais primitivo dos instintos humanos, ele abre a cortina e prepara-se para o embate.
Não fosse pelo vapor produzido pela água quente e de seu próprio reflexo no embaçado espelho sobre a pia, ele estava só. Bobagem... Não foi nada, apenas manifestações dos nervos que ainda estavam chocados com o sonho que o acordara no meio da noite.
Sons estranhos vindos do interior de seu abdômen o lembram daquele café preto com torradas. Enxuga-se com a áspera e fedorenta toalha floreada. Enrola-se com a mesma e sai pelo corredor a tempo de ver um vulto movimentar-se do corredor para a sala. Estaca. Quem será?
Procura ao seu redor algo com que possa se armar. Nada! Afinal está no corredor! Volta para o banheiro. Olha em torno e... nada. Em um banheiro não há nada que possa meter medo em um intruso no meio da noite.
Arma-se com o que lhe resta: a coragem – talvez apenas a necessidade – e vai em frente. Avança com o corpo colado a fria parede. Nem de calças está. Se cair a toalha... Aquela não era hora para pudores, mas também não era o pudor que o afligia. É que sem dúvida, seria bastante vexatório se engalfinhar com quem quer que seja estando nu.
Tentou dar um nó na toalha na linha da cintura. Sem jeito. A gordura estava bem localizada justamente na cintura. Pela primeira vez deu importância a um regime.
Sem pensar em mais nada pulou como um cão raivoso no meio da sala pronto para o embate. Ele – o intruso - por certo sairia correndo ao ser surpreendido e não haveria a necessidade de uma luta. O que seria muito bem, ainda mais agora que ele finalmente dera-se conta que estava completamente fora de forma.
Ao perceber que estava só não conteve uma gargalhada. Sentiu-se bobo ao ver-se refletido no vidro da porta de correr que dava para a sacada. Parecia um obeso havaiano com aquela floreada toalha amarrada a enorme cintura.
Já tinha idade suficiente para saber que a mente costumava pregar peças quando assustada ou confusa. O que ele viu, ou pensou ter visto não era nada. Talvez o efeito do farol de algum automóvel que tenha passado lá embaixo. Ele estava no segundo andar, bem que poderia ser, ou talvez a confusa imaginação.
Já estava solucionado o problema, quando ouviu o barulho que veio lá da despensa. Um baque surdo. Algo havia caído no chão, ele soube não só pelo barulho mas também pelo pequeno tremor provocado no piso.
Veio-lhe então novamente a cabeça o tal vulto que ele agora começava a acreditar realmente não ter visto. Terá alguém na despensa. Só há uma forma de saber. Mas desta vez não iria assim tão desprotegido. Correu até a cozinha a abriu a gaveta do balcão da pia. Havia inúmeras facas ali. A de serrinha não pareceu ser a adequada. A espátula nem pensar. Sim! Essa... A faca de churrasco é ideal. Afinal para que serve uma faca de churrasco? Cortar carne! E se estiver acontecendo o que ele temia que estivesse acontecendo...
Voltou na ponta dos pés para não fazer barulho. Bobagem! Pensou: Depois do pulo do obeso havaiano não tenho mais a vantagem da surpresa. Ao pensar no havaiano, lembrou da toalha. – Desta vez enfrentaria o perigo com mais dignidade – Correu ao closet e colocou a primeira calça que encontrou. Pronto, agora sim não era mais um havaiano obeso. Sentia-se mais como um samurai com aquela enorme faca nas mãos. Um samurai gordo, mas um samurai!
Voltou a postar-se frente à porta da despensa. Foi uma mão trêmula que tocou na maçaneta.
No exato momento em que ia abrir a porta, ouviu aquele barulho. Deu um grito junto a um pulo e o coração saltou fora do peito, assim como a faca saltou-lhe da mão, deu dois giros no ar e caiu no chão fazendo grande estardalhaço, mas não sem antes deslizar o afiado metal nas costas da mão de Santiago.
Novamente o barulho. Era a campainha. Quem poderia ser àquela hora?
Finalmente Santiago percebeu que havia cortado a mão. A faca estava no chão com um filete de sangue na lâmina. Um quente pingo vermelho e redondo caiu sobre a unha do dedão. Outro... Agora no piso. E lá vieram outros. Santiago ficou espantado com a quantidade de sangue que saia de tão pequeno ferimento. A campainha insistia. Santiago correu novamente para a cozinha e enrolou o pano da louça a mão ferida – será que a gordura centenária depositada no pano não prejudicaria o ferimento? – perguntou-se. A campainha insistia.
Mas era para sorte de Santiago alguém tocar sua campainha àquela hora, afinal, até que provem o contrário tem alguém que não foi convidado, dentro de sua despensa. Com mais alguém, poderia ser mais seguro enfrentar a situação. Santiago não era de flertar com o perigo.
Abriu a porta. Do outro lado estavam dois homens de ternos. Disseram o nome de Santiago e foram logo entrando e anunciando-se como sendo da polícia.
Santiago ficou aliviado. Era tudo o que precisava. Dois policiais para lhe ajudar com o intruso. Só um deles usava gravata e isto deu a Santiago a certeza que era aquele que mandava. As gravatas servem para isso. Para dar distinção as pessoas, pelo menos era isso que ele pensava. Os olhos profissionais do homem de gravata localizaram em um instante a faca no chão. O pano enrolado a mão que rapidamente ficava vermelho, até o outro homem que não portava sinais de sagacidade já havia notado.
_Machucou-se, Sr Santiago? Perguntou o primeiro, colocando-se bem próximo a Santiago, como se quisesse certificar-se que ele não faria nenhum movimento indesejado.
Santiago respondeu prontamente que sim, a faca de churrasco havia caído de sua mão e ferira a outra, mas era providencial a chegada deles...
_Por que Sr. Santiago?Seria algo sobre sua esposa?- Santiago não entendeu, o homem que ele julgava ser o chefe, falava coisas sobre o desaparecimento de Celeste, sua cabeça voltou a doer. Mas como assim desaparecimento? Celeste havia desaparecido? Quando? Faziam mais de três anos que não a via...A dor aumentava.
_Deixe de tolices homem, se ela foi vista com o senhor há três dias...
– Não!. Aquele policial devia estar maluco, pensou Santiago mais confuso ainda. E aquela faca? O policial quis saber o que Santiago fazia com a faca. O intruso na área de serviço veio à memória de Santiago em meio aquela loucura toda, ele até havia esquecido. Foi em meio a gaguejadas que ele relatou sobre o intruso. Mas agora – afirmava – que vocês estão aqui, podemos pegá-lo.
Santiago abaixou para pegar à faca. Mesmo com os policiais ali, não iria abrir a porta de despensa sem uma arma. Foi seguro por duas mãos fortes e advertido para não tocar na faca. Sem entender e lutando contra a dor de cabeça quis explicar que era para revistarem a despensa. Já havia perdido muito tempo, o intruso poderia muito bem ter pulado pela janela, afinal quando se quer fugir de alguém o pulo de um segundo andar não é algo assim tão espetacular.
Seu braço foi torcido para as costas. O homem sem gravata estava com uma pistola na mão. Sentiu que seus pulsos foram presos com algemas. Foi jogado, sentado a um sofá que ficava de frente para a despensa. Tentou protestar, mas as palavras e o tom de voz do homem da gravata o intimidaram.
_Fique quieto senhor Santiago – disse o homem com um dedo apontado para o nariz de Santiago como se fosse uma arma pronta para o disparo -, vamos ver o que temos aqui! – Com um lenço o policial pegou a faca tinta de sangue e colocou em um saco plástico. Santiago lembrou dos filmes de TV, aquilo era para preservar as digitais dele na faca, mas era absurdo tudo aquilo. Era lógico que as digitais seriam dele, ele que estava com a faca e além do mais a única pessoa que talvez tenha tocado nela era Celeste, e isso a uns três anos.
A porta da despensa foi aberta pelo policial que falou com um misto de asco e triunfo na voz... “Mas o que temos aqui!”. E Santiago mergulhou em um abismo confuso. O que era aquilo? Como seria possível? Celeste estava jogada no chão em meio a uma enorme poça vermelho escuro de sangue coagulado. Reconheceu-a mais pelas roupas que pelo rosto. Ele- o rosto – antes belo estava irreconhecível diante de tão hedionda violência que havia sofrido.
_Senhor Santiago, o senhor está preso pelo assassinato de Dona Celeste, sua esposa...
Santiago dá um pulo. Não tão alto como o grito que seus trêmulos lábios regurgitam, mas é um pulo suficiente para assustar alguém, se houvesse alguém em seu quarto àquela hora, o que seria improvável, pois desde que Celeste o abandonou há três anos, mais ninguém a não ser o próprio Santiago, transpôs a porta principal daquele apartamento.
A cabeça lateja, dói muito. Onde estou? , é a primeira pergunta que vem a cabeça dolorida do assustado e confuso Santiago. Um abajur com motivos japoneses e a cortina improvisada com uma velha manta azul marinho o reconduz a realidade. Está em seu quarto, em sua cama. Tudo fica familiar, menos o suor no corpo e nos lençóis...

Gravataí, 06 de Janeiro de 2008.

quarta-feira, outubro 20

Efeitos de 3D em fotografias



Mas uma que surrupiei do Bar do Bulga( ver nos ABC ao lado ).

Pequenas Crônicas de Pequenas Pessoas de Pequenas Cidades . 20



Após cinco dias sem Olívio aparecer no escritório, o pessoal começou a ficar preocupado. Como ele era um solteirão convicto e além de morar sozinho e sempre estar sozinho resolveram ir conferir seu apartamento. Mateus Costa, seu chefe, meteu o pé na porta. Encontrou Olívio morto em sua cama. Na mão o celular.
Mateus pegou o aparelho e olhou as mensagens. Todas as mensagens eram muito carinhosas e sensuais. Olhou o nome da remetente: Rita Costa, sua esposa. Excluiu todas as mensagens antes que os outros pudessem ver.
Fingiu estar sentido pela morte, não pela perda, mas para não expor seu já fragmentado casamento com Rita.



Qualquer semelhança com qualquer coisa ou pessoa é meramente qualquer coisa

segunda-feira, outubro 18

SONETO PARA UM ANJO


Vejam só, eu não sabia de nada!
Achava que só nos escritos bíblicos
Ou nas fábulas, contos e fantasias
Que existiam esses seres oníricos.

Hoje sei que os anjos existem
Hoje sei que os anjos cantam
Hoje sei que os anjos dançam
Hoje sei que eles também amam.

Não vivem no céu, nem no paraíso
Não possuem asas e para viverem,
Só um amor de verdade é preciso.

Não tocam harpa, sequer algum banjo
Eu apenas sei que eles existem porque
Hoje tenho em minha vida um anjo.

sexta-feira, outubro 15

Sete dias


Sete são as cores do arco-íris
Sete as cores da saudade
Sete foram os dias de espera
Cada um em sua cidade.

Sete são os dias da semana
Sete, na fábula eram os anões
Sete era a melhor carta de ouro
E somente eram duas as paixões.

Triste, sozinho num feriado
Contou impaciente os sete dias
Por ter um coração enamorado.

Feliz, retomou seu dia-a-dia
Esquecendo sete dias de agonia
Vendo-a, tornou-se em pura alegria.

quinta-feira, outubro 14

EU


Ainda bem pequeno, com a alma muito pura
Viajou nos sonhos da mãe e sonhou em ser frei;
Com o avô, cuidando de galinhas, porcos e cavalos
Achou que sua vocação era a de ser veterinário;
Quando foi seduzido pelos filmes de aventuras na tv
Resolveu que um dia seria nas telas um famoso ator;
Como não gostava de carrinhos de plástico e bola
Mergulhou no mundo dos quadrinhos e resolveu ser desenhista;
Vendo o sofrimento pela doença de um irmão
Pensou até ser um dia um médico cirurgião;
Depois se encantou pelas músicas nordestinas
E achou que poderia ser um cantor ou compositor;
Descobriu um mundo não muito honesto e feliz
E achou que sendo político poderia muda-lo;
Acostumado com a companhia dos livros
Tentou em vão ser um grande escritor;
Cresceu, apaixonou-se e virou pai de família
Levou até onde deu e tentou tudo recomeçar;
Passados os sonhos e vivendo na pura realidade
Finalmente ficou feliz ao perceber que era simplesmente:
EU!

quinta-feira, outubro 7

Onda verde?


O segundo turno, em minha opinião mostrará que a chamada “onda verde” não existiu. A votação de Marina Silva(PV) não se deu simplesmente porque as pessoas pensavam em ecologia, mas também em grande parte porque não queriam Dilma ou Serra e muitos outros porque viam em Marina o voto do candidato “bacaninha”, “intelectual” ou “moderninho”. Isso já aconteceu com Heloisa Helena e em 89 com Roberto Freire e, ambos estão de certa forma esquecidos. – Freire nem sei se concorreu, mas Heloisa não conseguiu se eleger-.
Porque mostrará que a onda verde não existiu? Porque Marina, e muito menos o PV não conseguirá transferir votos. Se fossem votos ideológicos ela transferiria, mas não o são. São votos de descontentes e dos que vêem na terceira via o caminho certo.
Os votos de Marina e dos nanicos serão pulverizados em Dilma, Serra e Nulos.
E alguém pode me explicar, quando foi que Marina percebeu que o governo Lula era ruim? Quando estava no governo ou quando levou um pé na bunda?
É igual à Heloisa Helena. Falava contra o Delúbio mesmo tendo sido eleita no mesmo momento em que ele operava a grana da campanha. Como ela conseguiu separar a grana que vinha para sua campanha para dizer que a de todos petistas era fruto de corrupção e só a grana que ia para a sua campanha era honesta?
Para mim: Marina é a Helena de amanhã!

quarta-feira, outubro 6

Fundamentalismos religiosos são ameaça à democracia brasileira

Um dos problemas que afloraram nesta eleição é o da emergência dos fundamentalismos religiosos católicos e protestantes, tentando influir nas decisões políticas do país. Até mesmo a famosa organização fascista-católica Opus Dei, de grande penetração na Península Ibérica, estaria presente em São Paulo, apoiando o candidato do PSDB.
Luís Carlos Lopes


POSTADO NO http://blogoleone.blogspot.com/2010/10/debate-aberto-fundamentalismos.html#links

terça-feira, outubro 5

ALGUÉM


Alguém corre pela rua
Não é de medo
Não foge dos carros
Talvez de alguns olhos.

Alguém gira na cama
Não é de insônia
Não é de dor
Talvez de amor.

Alguém corre no meio-fio
Não é equilibrista
Não é alguma fuga
Talvez seja apenas festa.

Alguém sobe lombas
Mas não de frente
Mas rindo de costas
E eu imito.

Sou louco?

Sim!
Por ela!